GÊNERO, RAÇA E EDUCAÇÃO: O RACISMO SOFRIDO POR MENINAS NEGRAS
NO ESPAÇO ESCOLAR
Janaína BORGES DE
SOUSA 1-UFG
Luane RICARTE DO
CARMO 2-UFG
O desejo de desenvolver esta pesquisa surgiu a partir de
relatos de colegas na disciplina de núcleo livre intitulado Leitura e Produção
Textual, em cuja aulas elas/eles expuseram os diferentes tipos de preconceitos
sofridos na escola. Ao ouvir os relatos, ficamos instigadas a investigar como
foi a trajetória de mulheres negras, compreendendo o processo de formação no
ambiente escolar, considerando o racismo no Brasil. Entendemos que por sermos
negras, sofremos inúmeras situações de discriminação no espaço escolar em
função da nossa corporeidade, cabelo ao tom de pele. Considerando a memória
resgatada durante os relatos em classe, decidimos averiguar como foi esse
processo para outras mulheres que hoje estão no espaço universitário, uma vez
que Gomes (2002, p.43) aborda que, apenas ao se distanciar da escola ou deparar
com outros espaços sociais em que a questão racial é tratada de maneira
positiva, é que sujeitos conseguem falar sobre essas experiências e emitir
opiniões sobre temas tão delicados que tocam sua subjetividade.
A escola por não abordar as questões raciais de modo sério
e comprometido com a formação da identidade dos sujeitos escolares, permite que
seja propagada e até mesmo seja reforçada situações de violência racial de
gênero e classe, o que resulta em marcas que por vezes não compreendemos ou não
associamos à nossa corporeidade pela falta de entendimento de que essas
violências são causadas em função dos corpos que são marginalizados e
estigmatizados por sua cor e traços.
Para desenvolvimento da pesquisa, utilizamos como
procedimentos metodológicos revisão bibliográfica e entrevista semiestruturada.
Buscamos identificar na entrevista semiestruturada, os aspectos relacionados à
idade, ao curso e à etapa de formação das entrevistadas e, no decorrer da
entrevista direcionamos por meio das perguntas, que elas relataram suas
vivências abordando o racismo estrutural existente no espaço escolar.
Entrevistamos seis mulheres de 22 a 39 anos, graduandas dos cursos de:
geografia; artes cênicas; artes visuais; ciências sociais e mestrandas,
brasileiras e uma uruguaia. Mulheres que estão no início, no meio e no final de
suas graduações, com a perspectiva de verificar suas leituras raciais nestas
várias etapas de sua formação.
A pesquisa propiciou às entrevistadas refletirem sua
trajetória, que, segundo 50% delas, não haviam pensando sobre suas vivências na
escola e/ou na universidade. Um outro aspecto que nos chamou a atenção foi a
não superação ou cicatrização das marcas deixadas pelo espaço escolar, algumas
têm memórias de situações de quando tinham 5 anos de idade, o que demonstra uma
grande necessidade de trabalhar o racismo no ambiente escolar. E um
entendimento de que através do ambiente universitário tiveram acesso à uma
compreensão do que significava carregar o corpo de uma mulher negra, assim
como, expor opiniões, vivências e estudos para corroborar com o combate ao
racismo, seja elas, sendo professoras, alunas ou nos espaços de educação não
formal.
Para o
desenvolvimento da pesquisa dividimos o projeto em 6 partes:
escolha do tema;
revisão bibliográfica;
fichamentos;
elaboração de questões;
entrevistas
semiestruturadas;
elaboração do resumo e apresentação.
Todas as etapas foram
feitas em conjunto por todas integrantes do grupo.
Referências Bibliográficas
GOMES,
Nilma Lino. Trajetórias Escolares, corpo
negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação
cultural?. Rio de Janeiro, Revista Brasileira de Educação, nº.21, pp. 40-51,
set-dez, 2002.
GOMES,
Nilma Lino. Educação, identidade negra e
formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n. 1, p. 167-182, 2003.
SANTOS, Renato Emerson dos. Diversidade, espaço e relações
étnico-raciais: o negro na Geografia do Brasil. 3.ed. Belo Horizonte:
Editora Gutenberg, 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.