sexta-feira, 6 de julho de 2018

GÊNERO, RAÇA E EDUCAÇÃO: O RACISMO SOFRIDO POR MENINAS NEGRAS NO ESPAÇO ESCOLAR


GÊNERO, RAÇA E EDUCAÇÃO: O RACISMO SOFRIDO POR MENINAS NEGRAS NO ESPAÇO ESCOLAR 
 
Janaína BORGES DE SOUSA 1-UFG 
Luane RICARTE DO CARMO 2-UFG 
 
O desejo de desenvolver esta pesquisa surgiu a partir de relatos de colegas na disciplina de núcleo livre intitulado Leitura e Produção Textual, em cuja aulas elas/eles expuseram os diferentes tipos de preconceitos sofridos na escola. Ao ouvir os relatos, ficamos instigadas a investigar como foi a trajetória de mulheres negras, compreendendo o processo de formação no ambiente escolar, considerando o racismo no Brasil. Entendemos que por sermos negras, sofremos inúmeras situações de discriminação no espaço escolar em função da nossa corporeidade, cabelo ao tom de pele. Considerando a memória resgatada durante os relatos em classe, decidimos averiguar como foi esse processo para outras mulheres que hoje estão no espaço universitário, uma vez que Gomes (2002, p.43) aborda que, apenas ao se distanciar da escola ou deparar com outros espaços sociais em que a questão racial é tratada de maneira positiva, é que sujeitos conseguem falar sobre essas experiências e emitir opiniões sobre temas tão delicados que tocam sua subjetividade. 
A escola por não abordar as questões raciais de modo sério e comprometido com a formação da identidade dos sujeitos escolares, permite que seja propagada e até mesmo seja reforçada situações de violência racial de gênero e classe, o que resulta em marcas que por vezes não compreendemos ou não associamos à nossa corporeidade pela falta de entendimento de que essas violências são causadas em função dos corpos que são marginalizados e estigmatizados por sua cor e traços. 
Para desenvolvimento da pesquisa, utilizamos como procedimentos metodológicos revisão bibliográfica e entrevista semiestruturada. Buscamos identificar na entrevista semiestruturada, os aspectos relacionados à idade, ao curso e à etapa de formação das entrevistadas e, no decorrer da entrevista direcionamos por meio das perguntas, que elas relataram suas vivências abordando o racismo estrutural existente no espaço escolar. Entrevistamos seis mulheres de 22 a 39 anos, graduandas dos cursos de: geografia; artes cênicas; artes visuais; ciências sociais e mestrandas, brasileiras e uma uruguaia. Mulheres que estão no início, no meio e no final de suas graduações, com a perspectiva de verificar suas leituras raciais nestas várias etapas de sua formação. 
A pesquisa propiciou às entrevistadas refletirem sua trajetória, que, segundo 50% delas, não haviam pensando sobre suas vivências na escola e/ou na universidade. Um outro aspecto que nos chamou a atenção foi a não superação ou cicatrização das marcas deixadas pelo espaço escolar, algumas têm memórias de situações de quando tinham 5 anos de idade, o que demonstra uma grande necessidade de trabalhar o racismo no ambiente escolar. E um entendimento de que através do ambiente universitário tiveram acesso à uma compreensão do que significava carregar o corpo de uma mulher negra, assim como, expor opiniões, vivências e estudos para corroborar com o combate ao racismo, seja elas, sendo professoras, alunas ou nos espaços de educação não formal. 
 Para o desenvolvimento da pesquisa dividimos o projeto em 6 partes:
 escolha do tema;
 revisão bibliográfica; 
 fichamentos;
 elaboração de questões; 
entrevistas semiestruturadas; 
elaboração do resumo e apresentação.
Todas as etapas foram feitas em conjunto por todas integrantes do grupo.

 
 

Referências Bibliográficas 

  
GOMES, Nilma Lino. Trajetórias Escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação cultural?. Rio de Janeiro, Revista Brasileira de Educação, nº.21, pp. 40-51, set-dez, 2002.  
 
GOMES, Nilma Lino. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n. 1, p. 167-182, 2003. 
 
SANTOS, Renato Emerson dos. Diversidade, espaço e relações étnico-raciais: o negro na Geografia do Brasil. 3.ed. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2009. 
 

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