Blog da disciplina Leitura e Produção Textual, ministrada pela Profª Margareth Lobato, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. São membros natos todos os alunos regularmente matriculados em LPT no papel de autores, produtores de conteúdos e primeiros leitores das atividades dos colegas. Sejam todos bem vindos e apreciem sem moderação!
segunda-feira, 13 de julho de 2015
terça-feira, 30 de junho de 2015
Reflexões sobre astrologia e amores platônicos
Mais um dia monótono se encerrava para Antonieta. Após acordar bem cedo, ir à aula pela manhã, estudar sozinha à tarde e trabalhar à noite, agora ela se encontrava no ônibus, finalmente a caminho de casa, na companhia de Carmélia, amiga de longo prazo com quem Antonieta recentemente passara a dividir os aposentos.
- Nita! Nita! - Carmélia chama Antonieta de maneira exaltada, sem perceber que a amiga está quase caindo no sono ao seu lado.
- Diga - responde Antonieta após um longo bocejo.
- Olhe aquele cara ali! Olhe como ele é lindo! Olhe como ele combina comigo! Aposto que ele gosta das mesmas bandas que eu! Dos mesmos seriados que eu!
- Mélia, você disse a mesma coisa hoje sobre um outro desconhecido enquanto almoçávamos...
- Mas, Nita, dessa vez é verdade! Ele é o homem da minha vida!
Qualquer outra pessoa se irritaria com a frequência com que Carmélia encontra amores de sua vida, mas Antonieta já estava acostumada. Desde a infância, a amiga se apaixonava cerca de três vezes ao dia.
- Nita, você ainda não olhou pro meu futuro marido! Olhe, olhe, olhe!
- Carmélia, você nem conhece o mapa astral dele! Nem ao menos sabe o nome! Imagina se ele tem sol em capricórnio! Ou pior, vênus em câncer!
- Nita, a viciada em astrologia aqui é você! - disse Carmélia entre risadas.
- Tudo bem, mas e se ele tiver chulé? Ou pior, se ele tiver mal hálito! Você nem conhece os gostos dele, as manias...
Antonieta sabia que todos esses argumentos eram ignorados por Carmélia: havia usado os mesmos diversas vezes, até desistir de provar para a amiga que era impossível amar alguém assim, à primeira vista. Agora, ela estava apenas se divertindo às custas da outra, que explicava que poderia concertar os defeitos do homem da sua vida, que existem produtos para acabar com o chulé, e chicletes para disfarçar mal hálito. Antonieta apenas sorria.
- É o nosso ponto, Mélia. - As portas do ônibus se abriram e as amigas desceram, Carmélia sendo puxada pelo braço, olhando para trás buscando ver por um último momento aquele que fora aproximadamente sua centésima paixão platônica do mês, e Antonieta sorrindo, sabendo que a cena iria se repetir no dia seguinte, e no seguinte, e no seguinte... - Não fique triste Carmélia, você vai superá-lo, podemos ver filmes tristes e comer chocolate hoje à noite! - Seguiram para casa abraçadas.
"Ah, Carmélia, sorte sua se desapaixonar com a mesma facilidade que se apaixona! Mal sabes o quanto é duro seguir amando alguém que já estragou tudo, ou pior, alguém com quem seu mapa astral não combina..." - refletiu Antonieta segundos antes de perceber que Carmélia estava chacoalhando-a daquele jeito de sempre, aquele jeito de quando a amiga acaba de encontrar, mais uma vez, o amor da sua vida.
Autoras: Giovana Andrade e Renata Servato
- Nita! Nita! - Carmélia chama Antonieta de maneira exaltada, sem perceber que a amiga está quase caindo no sono ao seu lado.
- Diga - responde Antonieta após um longo bocejo.
- Olhe aquele cara ali! Olhe como ele é lindo! Olhe como ele combina comigo! Aposto que ele gosta das mesmas bandas que eu! Dos mesmos seriados que eu!
- Mélia, você disse a mesma coisa hoje sobre um outro desconhecido enquanto almoçávamos...
- Mas, Nita, dessa vez é verdade! Ele é o homem da minha vida!
Qualquer outra pessoa se irritaria com a frequência com que Carmélia encontra amores de sua vida, mas Antonieta já estava acostumada. Desde a infância, a amiga se apaixonava cerca de três vezes ao dia.
- Nita, você ainda não olhou pro meu futuro marido! Olhe, olhe, olhe!
- Carmélia, você nem conhece o mapa astral dele! Nem ao menos sabe o nome! Imagina se ele tem sol em capricórnio! Ou pior, vênus em câncer!
- Nita, a viciada em astrologia aqui é você! - disse Carmélia entre risadas.
- Tudo bem, mas e se ele tiver chulé? Ou pior, se ele tiver mal hálito! Você nem conhece os gostos dele, as manias...
Antonieta sabia que todos esses argumentos eram ignorados por Carmélia: havia usado os mesmos diversas vezes, até desistir de provar para a amiga que era impossível amar alguém assim, à primeira vista. Agora, ela estava apenas se divertindo às custas da outra, que explicava que poderia concertar os defeitos do homem da sua vida, que existem produtos para acabar com o chulé, e chicletes para disfarçar mal hálito. Antonieta apenas sorria.
- É o nosso ponto, Mélia. - As portas do ônibus se abriram e as amigas desceram, Carmélia sendo puxada pelo braço, olhando para trás buscando ver por um último momento aquele que fora aproximadamente sua centésima paixão platônica do mês, e Antonieta sorrindo, sabendo que a cena iria se repetir no dia seguinte, e no seguinte, e no seguinte... - Não fique triste Carmélia, você vai superá-lo, podemos ver filmes tristes e comer chocolate hoje à noite! - Seguiram para casa abraçadas.
"Ah, Carmélia, sorte sua se desapaixonar com a mesma facilidade que se apaixona! Mal sabes o quanto é duro seguir amando alguém que já estragou tudo, ou pior, alguém com quem seu mapa astral não combina..." - refletiu Antonieta segundos antes de perceber que Carmélia estava chacoalhando-a daquele jeito de sempre, aquele jeito de quando a amiga acaba de encontrar, mais uma vez, o amor da sua vida.
Autoras: Giovana Andrade e Renata Servato
O Sujo e o Mal Lavado
-
Antonieta, você não faz ideia de com quem saí ontem à noite... – disse Carmélia
interrompendo sua colega que ainda estava falando.
- E não
é que eu já sei? Te vi falando com o moço que entrega o gás ontem, qual é mesmo
o nome dele, Mirosmar?
- Sim,
amiga, mas não é dele que eu “tô” falando, não. Esse daí eu saí com ele semana
passada e ainda não saiu do meu pé – e deu um suspiro dramático.
- Então foi com o Severino mesmo,
sempre que você “tá” carente, corre para ele.
-Não, amiga! Mas eu vou sair com
ele hoje à noite, sim, mas não foi ele... Enfim, eu saí foi com o Ataualpa.
Antonieta
pareceu querer fazer um escândalo mas felizmente se conteve.
- Não
acredito! Não acredito, não acredito e não acredito! E como foi?!
-
Maravilhoso. – Carmélia deu um sorriso sedutor - Agora sei porque aquela Arlete
não se desgruda dele.
- Eu
sabia! A conversinha dele de homem fiel e decente não passava de vento.
Incrível, Carmélia, com hoje em dia não se pode confiar em homem. É tudo
safado. E jurava de pés juntos que só tinha a Arlete na vida dele.
- Na
vida dele pode até ser, mas na cama não é não – ela riu. – é assim mesmo, não
tem homem que preste mais, com tanta mulher boa no mundo... Estou meio
desapontada com ele. Mas tudo bem, a noite foi ótima. – então de súbito ela
levantou-se e chamou – Vamos, Antonieta, meu namorado chegou!
Após as
duas terem finalmente saído, a senhora que se sentava na minha frente disse:
- Hoje
é assim mesmo, tudo errado e o sujo ainda falando do mal lavado!
Um casal na praça
João e Cinderela, por volta do meio-dia, estavam deitados na
grama de uma praça conversando. João disse:
-Não consigo dormir há dias.
-Por quê? – perguntou a moça.
-Por culpa dos gatos - ele respondeu.
-Gatos?
-Sim, minha casa é a única da rua que não tem cachorro. Por
causa disso, eles vão lá para a janela do meu quarto fazer barulho.
-Quer dizer que eles ficam se cortejando?
-Não. Eles ficam transando mesmo.
-Mas você sabe que eles fazem barulho é na hora do cortejo,
não sabe?
-Sério? Mas que cortejo mais escandaloso e perturbador. Não
consigo mais ter paz. Vou dormir sempre depois das duas horas da manhã e tenho
que acordar antes das seis.
-Hum... Que pena.
- Pois é – disse ele - tenho que voltar para o serviço. Meu
horário de almoço já está terminando.
- Vai lá, – disse a moça dando-lhe um beijo - tenho
que ir para o colégio.
Ambos se abraçaram e se despediram.
O Visitante
-- Como diria um certo livro, "uma moeda pelos seus pensamentos".
Me espanto quando, depois de um longo silêncio, ele me diz isso. É bem provável que eu estou descaradamente viajando, vagando na minha própria mente. Sorrio com um leve rubor nas bochechas e um certo constrangimento com aquela frase inesperada. Ele fala como quem sabe que, como Emma Bovary, sou resultado dos livros que leio.
-- Pode ser um doce.
Ele tira uma bala do bolso, daquelas preferidas de crianças, e me entrega. Me sinto uma criança de fato, com muito a aprender.
-- Pensando na minha mãe de novo...
-- Coragem -- ele diz, sorrindo. Será que a intenção dele é transmitir força? Bem, se for ou não, transmite.
-- Eles vão me matar quando eu contar! -- eu digo, sorrindo nervosamente.
-- Vão nada! No máximo deserdar.
Voltei a olhar para o vazio. Alguns minutos depois, olho de novo pra ele. Parafraseando Quintana, o seu olhar imensamente azul ilumina o meu quarto... Ele me fita através dos óculos escuros.
-- O que foi?
-- Nada, ué.
-- Está me encarando.
-- Não pode?
-- Pode...
Queria que todos os meus relacionamentos, de todos os tipos e níveis, fossem simples assim. Será que é tão difícil as pessoas serem legais umas com as outras pra variar? Pra ele parece tão simples ser... Ganho de presente mais um sorriso.
-- E se acabar em desastre?
-- Conta e deixa eles falarem. Uma hora eles vão parar e tudo vai voltar ao normal.
Assim ele me mostra que o ápice da autoconfiança é ter a coragem de falar não só o que penso, mas o que sinto, sem medir consequências e sem medo do que vão pensar ou falar. Se ao menos as pessoas fossem menos intolerantes...
Ah! Não posso reclamar dos outros. Assim como Millôr, "Confesso: sou pior sozinho do que mal acompanhado".
A Tarde no Bosque e Conselhos Poéticos
Era fim de tarde e os raios de sol passavam tímidos por entre as enormes
árvores do bosque. Estava eu à tomar minha água de coco quando notei duas
mulheres sentadas nos bancos ao lado. Me refrescava enquanto findava o dia e
notei que afinal eram amigas que falavam de vida e de poesia. Uma aparentemente
de meia idade e outra bem mais nova parecia, mas ao se comunicarem essa
diferença não existia, até que uma delas, a mais velha, se virou e disse:
-
Porquê mesmo é que não publicas teus poemas?
- Ora, publicar meus poemas é como
se me arrancassem a roupa em público!
- Deixe disso e não percas tempo. Estou a
me ver em ti, tempos atrás. Vou lhe contar...
Neste momento, enquanto se
preparava para continuar, saltou-lhe um sorriso, mas um daqueles que só se dá
quando uma boa lembrança nos assalta a mente. E continuou:
- Tempo atrás também
tive minhas reservas, nem sequer mencionava e muito menos mostrava às pessoas
meus escritos, até que um dia, fui incumbida de uma missão de entrevistar um
poetisa famosa, e conhecida como uma pessoa dura para se abrir nas entrevistas.
Mas parece que era destino, não só correu muito bem como fui muito bem recebida
e ficamos amigas. Em dia de conversa num café da tarde, fiz a confissão, que
amava poemas e escrevia, mas isso de mostrar para outros não era comigo. E foi
então que ela me disse “Deixe disso e não percas tempo!”. Infelizmente enquanto
ela era viva nunca publiquei um poema, mas agradeço até hoje este carinhoso
conselho, por isso lhe replico.
- Nossa amiga, que história linda! Quem era
essa poetisa? Eu conheço?
E ela fez outra vez, abriu um sorriso ainda mais
brilhante que o anterior, notava-se a saudade naquela expressão. E continuou:
-
Ah sim.. mas é claro que sabes, era a minha amiga Cora Coralina.
Na outra
amiga, salto-lhe os grandes olhos e com as bochechas coradas disse:
- Obrigada,
não mais perderei tempo.
Findou o dia e um novo mundo se abriu.
Giselle Rodrigues e Luciano Cleiton
A filosofia cotidiana
Um dia desses sentada na ultima fileira de
bancos do ônibus, meu lugar de sempre pessoa de hábitos como sou, entre um
cochilo e outro entreouvi o seguinte diálogo de duas mulheres que estavam de pé
próximas a porta, doravante denominadas de PD1 (passageira desconhecida nº1) e
PD2 (passageira desconhecida nº2).
-Pois
é, isso faz mesmo a gente pensar... – continuou PD1.
-Pois
é menina, como se diz por aí: pra morrer basta tá vivo! – disse PD2 com ares de razão.
-É
mesmo menina, outro dia um colega meu se suicidou, nem fui lá no velório,
prefiro lembrar de como era vivo.
-Como
é estranho né?! Parece que tem tanta gente morrendo, o tempo todo a gente fica
sabendo. A gente tá sujeito né, tem que aceitar.
-Verdade
qualquer hora a gente pode ir também... Mas o que tem de gente nascendo também,
não é brincadeira! Só no meu serviço têm três mulheres grávidas.
-É
verdade. E você vai ficar só com um menino mesmo? Quando vai ter o segundo?
-Ah,
acho que sim, o tanto que é difícil criar filho hoje em dia. No tempo da minha
vó não, ela teve 11 filhos, acho que tem mais de trinta netos!!!
-E
hoje em dia a gente custa cuidar de um né?! Também, com a violência, e o tanto
que as coisas andam caras?! Cuidar de filho gasta muito.
-Pois
é menina...
Alguns
segundos de silencio entre as duas.
-Olha
menina, esses dias eu tava procurando uma blusa igual aquela ali pra comprar! –
diz PD1 apontando com animação uma banquinha de camelô pela janela do ônibus.
-Nossa
é linda né?! Pior que eu só vejo quando não vou comprar, quando venho nunca
acho! – diz PD2.
Após
essa dose de filosofia diária, retomei meus cochilos, afinal, é longo o caminho
do ônibus.
crônica : A cebola da presidenta
A cebola da presidenta
No supermercado, Antonieta
e seu marido Mirosmar faziam as compras do mês, eles levavam consigo seu
filhinho de cinco anos Ataualpa. Antonieta
e o garoto seguiam na frente enquanto Mirosmar vinha logo atrás empurrando o
carrinho de compras. Antonieta olhava os produtos pelo corredor, o garoto
Ataualpa era muito agitado e cheio de energia, ele corria pelos outros
corredores e seções do supermercado, seu pai lhe chamava a atenção mas parecia
ser em vão, o menino não parava um só segundo. Chegam eles então na seção de
horti-fruti, Antonieta olha o preço de algumas coisas, dá uma olhada em algumas
frutas aqui, alguns legumes ali e eis que se depara com uma banca repleta de
cebolas. Ela fixa seus olhos nas cebolas e comenta com Mirosmar, que escuta com
atenção :
- Olha só Mirosmar, que belas cebolas.
Mirosmar responde :
- verdade Antonieta, estão realmente muito bonitas.
Antonieta pega uma
sacola e coloca uma, duas, três, cinco... várias cebolas e continua a escolher
e encher a sacola quando subitamente ela para e olha indignada para uma placa
de preços que estava em sua frente. Ela resmunga :
- que cebolas caras Mirosmar! Mas isso é um grande absurdo,
preços tão altos assim eu nunca antes havia visto, menos ainda em cebolas. Como
pode, isso deve ser culpa daquela presidenta, aquela maldit...
Seu filho vem correndo com um carrinho de brinquedo nas mãos
e à interrompe :
- Mamãe, mamãe, mamãe (falava rápido e ofegante o garoto),
compra esse carrinho pra mim, compra?
- Não Ataualpa, as coisas estão muito caras. Essas cebolas
por exemplo meu filho, estão quase do mesmo preço desse carrinho ai que você
quer.
Mirosmar sorrindo brinca :
- Ataualpa meu filho, esse mês terás que brincar com as
cebolas.
O garoto não se abate, abre um sorriso e responde ao pai :
- Tive uma idéia pai, vamos comprar oito litros de óleo,
assim poderei usá-los de pinos para jogar boliche com as cebolas.
Mirosmar e Antonieta riem muito da fala do garotinho tão
esperto e criativo.
Vinícius
Barbosa da Silva.
Conversas de arquibancada
Estava sentada na arquibancada do ginásio esperando o início
das competições de patinação. Como não tinha quase ninguém no lugar, as poucas
conversas que haviam se tornavam impossíveis de não serem ouvidas. Uma mãe e
sua filha, sentadas logo atrás de mim, conversavam avidamente:
- O meu collant está horrível, a costureira fez um péssimo
trabalho - disse a menina.
-Arlete, não fale assim! Só não ficou exatamente como você
queria – disse a mãe.
- Não é você que vai apresentar com essa “bofeira”- disse
Arlete.
-Mas não tem nada de mais com o seu collant, não está
rasgado, não está mal costurado e serve perfeitamente em você! – disse a mãe,
já irritada com o “piti” da filha.
- Mas mãeee não tem a quantidade de strass que eu falei que
queria!!!!
O tom da conversa mudou, não mais que de repente, elas
começaram a discutir e lavar toda roupa suja, ali no meio das pessoas. Até que
a menina, no auge da sua birra, jogou o lhe estava na mão longe. Neste ponto,
todos os presentes se viraram para observar elas. A mãe saiu estressada do
recinto e a menina foi acalmar seus nervos em outro lugar.
Assim que a cena que se armou acabou, um homem e uma mulher de
meia idade puseram a comentar o ocorrido:
-Você viu isso Jurandir? A educação que se dá hoje para as
crianças não é a mesma de antigamente -
disse a mulher.
- Fiquei pasmo, essa liberdade que se dá para os filhos, só deixa
eles mais mal educados. Que vergonha, Carmélia... No meu tempo não tinha essa coisa
de ficar mimando as crias não! – disse o Jurandir.
-O pior Jurandir é a ingratidão, o pior é a ingratidão... A
gente faz tudo pelos filhos e eles nem se importam... Eu não acho que isso seja
criar bem um filho não, Jurandir. Pai e mãe deveriam ensinar os filhos a serem gratos
pelo que eles recebem - falou Carmélia.
CRÔNICA
Arlete, Arlete e Arlete
Antonieta estava sentada, conversando com
Carmélia que falava sobre sua filha que estava prestes a entrar na universidade.
Carmélia se orgulhava de sua filha ter a oportunidade de estudar em uma boa
faculdade com bolsa e por seus próprios méritos, ela contava a toda e qualquer
pessoa que passava mesmo não sendo interessante a eles, Antonieta simplesmente
ouvia e ria em silêncio com a felicidade da mãe da garota.
-Não é maravilhoso que Arlete entre em uma
faculdade? - disse Carmélia tirando Antonieta de seus pensamentos.
Antonieta achava maravilhoso, mas já estava
cansada de Carmélia não falar em outro assunto, porém não estragaria a
felicidade de uma amiga então continuou falando sobre Arlete na faculdade.
-Sim é maravilhoso que Arlete entre na
faculdade, melhor ainda é que foi o curso de seus sonhos. - disse Antonieta com
um olhar desinteressante.
Por prolongados minutos que mais pareciam
horas houve a conversa sobre Arlete, Antonieta já não suportando mais aquele
assunto decidiu interromper Carmélia que tagarelava os feitos de sua filha.
- Bom que tal mudarmos de assunto e falarmos
de você? - disse ela desesperada.
- Bom minha filha é uma parte de mim, não sei
mais o que dizer a não ser de Arlete. Já te disse que ela está tirando a
habilitação? - disse Carmélia, orgulhosa da filha.
- Não você não comentou. - respondeu Antonieta
cansada e decidida que era melhor ouvir a amiga falar sobre a filha do que ser
mal educada e acabar perdendo sua amizade. A conversa sobre o tema "
Arlete" durou várias e várias horas.
Luana Siqueira Chaves
Keisse Pollyana Alves Ferreira
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