-- Como diria um certo livro, "uma moeda pelos seus pensamentos".
Me espanto quando, depois de um longo silêncio, ele me diz isso. É bem provável que eu estou descaradamente viajando, vagando na minha própria mente. Sorrio com um leve rubor nas bochechas e um certo constrangimento com aquela frase inesperada. Ele fala como quem sabe que, como Emma Bovary, sou resultado dos livros que leio.
-- Pode ser um doce.
Ele tira uma bala do bolso, daquelas preferidas de crianças, e me entrega. Me sinto uma criança de fato, com muito a aprender.
-- Pensando na minha mãe de novo...
-- Coragem -- ele diz, sorrindo. Será que a intenção dele é transmitir força? Bem, se for ou não, transmite.
-- Eles vão me matar quando eu contar! -- eu digo, sorrindo nervosamente.
-- Vão nada! No máximo deserdar.
Voltei a olhar para o vazio. Alguns minutos depois, olho de novo pra ele. Parafraseando Quintana, o seu olhar imensamente azul ilumina o meu quarto... Ele me fita através dos óculos escuros.
-- O que foi?
-- Nada, ué.
-- Está me encarando.
-- Não pode?
-- Pode...
Queria que todos os meus relacionamentos, de todos os tipos e níveis, fossem simples assim. Será que é tão difícil as pessoas serem legais umas com as outras pra variar? Pra ele parece tão simples ser... Ganho de presente mais um sorriso.
-- E se acabar em desastre?
-- Conta e deixa eles falarem. Uma hora eles vão parar e tudo vai voltar ao normal.
Assim ele me mostra que o ápice da autoconfiança é ter a coragem de falar não só o que penso, mas o que sinto, sem medir consequências e sem medo do que vão pensar ou falar. Se ao menos as pessoas fossem menos intolerantes...
Ah! Não posso reclamar dos outros. Assim como Millôr, "Confesso: sou pior sozinho do que mal acompanhado".
Adorei Thamires!
ResponderExcluirOwnt >.< Obrigada!
ExcluirFicou muito bom parabéns!
ResponderExcluirMãos em forma de 5, palmas viradas para o rosto, movimentar as mãos de baixo pra cima sobre as bochechas.
ResponderExcluirObrigada >.<