terça-feira, 30 de junho de 2015



                                                Conversas de arquibancada


      Estava sentada na arquibancada do ginásio esperando o início das competições de patinação. Como não tinha quase ninguém no lugar, as poucas conversas que haviam se tornavam impossíveis de não serem ouvidas. Uma mãe e sua filha, sentadas logo atrás de mim, conversavam avidamente:

- O meu collant está horrível, a costureira fez um péssimo trabalho - disse a menina.

-Arlete, não fale assim! Só não ficou exatamente como você queria – disse a mãe.

- Não é você que vai apresentar com essa “bofeira”- disse Arlete.

-Mas não tem nada de mais com o seu collant, não está rasgado, não está mal costurado e serve perfeitamente em você! – disse a mãe, já irritada com o “piti” da filha.

- Mas mãeee não tem a quantidade de strass que eu falei que queria!!!!

      O tom da conversa mudou, não mais que de repente, elas começaram a discutir e lavar toda roupa suja, ali no meio das pessoas. Até que a menina, no auge da sua birra, jogou o lhe estava na mão longe. Neste ponto, todos os presentes se viraram para observar elas. A mãe saiu estressada do recinto e a menina foi acalmar seus nervos em outro lugar.
       Assim que a cena que se armou acabou, um homem e uma mulher de meia idade puseram a comentar o ocorrido:

-Você viu isso Jurandir? A educação que se dá hoje para as crianças não é a mesma de antigamente  - disse a mulher.

- Fiquei pasmo, essa liberdade que se dá para os filhos, só deixa eles mais mal educados. Que vergonha,  Carmélia... No meu tempo não tinha essa coisa de ficar mimando as crias não! – disse o Jurandir.

-O pior Jurandir é a ingratidão, o pior é a ingratidão... A gente faz tudo pelos filhos e eles nem se importam... Eu não acho que isso seja criar bem um filho não, Jurandir. Pai e mãe deveriam ensinar os filhos a serem gratos pelo que eles recebem - falou Carmélia.

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