O conto " o gato preto", de Edgar Allan Poe, foi
escrito em 1842 e faz parte do romantismo sombrio que tem por característica o
grotesco, o sobrenatural e o demoníaco. Esse conto inspira o horror e o
mistério a cada página e compõe a saga de contos extraordinários do autor, isto
é, uma coletânea com os contos mais expressivos de Edgar Allan Poe.
Nada menos esperado do que uma história macabra e instigante
nos é apresentada na narrativa da personagem que de um temperamento dócil e
humano, principalmente, com os animais, vai com o passar das páginas se tornado
cada vez mais próximo de um demônio sem sentimentos.
Inicialmente em "o gato preto", a personagem em
sua infância tinha um caráter de uma bondade sem defeitos ao ficar adulto esse
traço se mantém e se casa com uma mulher com as mesmas ações e amor para com os
animais. Eles tinham vários animais, mas
entre eles o preferido da personagem principal era um gato enorme e
inteiramente preto chamado Plutão. Ele e o gato tiveram um bom relacionamento
por vários anos, entretanto com a sucessão desses anos seu caráter é modificado
drasticamente por conta do álcool e acaba por negligenciar e maltratar seus
animais e sua esposa. Apenas sua afeição maior, o gato, não sentia seus mais
tratos, até uma noite que voltara bêbado acaba por ferir e retirar um olho de
Plutão.
Com o passar dos dias um sentimento de ódio o persegue e o
espírito da perversidade o domina e acaba por matar seu gato enforcado. Na
noite em que cometera esse ato cruel sua casa pega fogo e dificilmente os
habitantes de lá conseguem escapar, e no lugar dos escombros apenas uma parede
se manteve de pé com a marca em fuligem de um gato com uma corda em seu
pescoço.
Um sentimento de remorso o toma e o faz procurar um
semelhante para ocupar o lugar do falecido animal.
Encontra um gato parecido em uma taverna e o adota. Mas em
vez de um sentimento de carinho e afeição sente antipatia pelo animal que assim
como o primeiro era caolho, entretanto acima disso sentia medo do gato por em
seu peito possuir a marca de uma forca em seus pelos brancos.
Em um dia que acompanha sua esposa ao porão o animal quase o
derruba e ele acaba por tentar matá-lo, todavia sua esposa se põe entre eles e
acaba morta. O assassinato não pesa muito nos ombros do narrador que a empareda
tranquilamente e procura após concluir o sepultamento o gato para enfim
matá-lo, mas não o encontra. Com isso, dormiu tranquilamente pela primeira vez
desde a chegada do animal na casa.
No quarto dia após o crime ter sido cometido os policias
fizeram uma visita e encontram por culpa do narrador o corpo com o gato
emparedado junto ao cadáver.
Essa narrativa é muito bem estruturada, seguindo uma linha
do supersticioso com o psicológico, em que o próprio nome do gato: Plutão
remete ao Deus dos mortos na mitologia romana. Além disso, há alusão a
superstição de que todo gato preto é uma bruxa disfarçada. Os atos cometidos
pelo narrador levam-no a ver coisas como se ele fosse assombrado por elas, isso
fica claro quando aparece nos escombros da casa a imagem de um enorme gato com
uma corda no pescoço e quando a mancha branca nos pelos do segundo gato toma a
forma de uma forca.
O sentimento do
narrador para com o gato remete ao mito do duplo em que ele não consegue
aceitar suas próprias mudanças espelhando no gato sua aversão. Dessa forma, a
maneira que o conto é contado em uma gradação de fatos que levam o personagem a
se transformar na personificação do mal nos mostra que as ações por mais que
elas pareçam estar impunes o que é plantado em algum momento é colhido.
Olá Mariah! Eu adorei este conto do Edgar Allan Poe e sua resenha detalhou com perfeição os traços marcantes desta obra. Além do sinistro e do choque que o texto traz, a apresentação da perversidade do personagem é muito instigante. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada. Suas palavras me incentivam demais.
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