segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

 

O conto " o gato preto", de Edgar Allan Poe, foi escrito em 1842 e faz parte do romantismo sombrio que tem por característica o grotesco, o sobrenatural e o demoníaco. Esse conto inspira o horror e o mistério a cada página e compõe a saga de contos extraordinários do autor, isto é, uma coletânea com os contos mais expressivos de Edgar Allan Poe.

Nada menos esperado do que uma história macabra e instigante nos é apresentada na narrativa da personagem que de um temperamento dócil e humano, principalmente, com os animais, vai com o passar das páginas se tornado cada vez mais próximo de um demônio sem sentimentos.

Inicialmente em "o gato preto", a personagem em sua infância tinha um caráter de uma bondade sem defeitos ao ficar adulto esse traço se mantém e se casa com uma mulher com as mesmas ações e amor para com os animais.  Eles tinham vários animais, mas entre eles o preferido da personagem principal era um gato enorme e inteiramente preto chamado Plutão. Ele e o gato tiveram um bom relacionamento por vários anos, entretanto com a sucessão desses anos seu caráter é modificado drasticamente por conta do álcool e acaba por negligenciar e maltratar seus animais e sua esposa. Apenas sua afeição maior, o gato, não sentia seus mais tratos, até uma noite que voltara bêbado acaba por ferir e retirar um olho de Plutão.

Com o passar dos dias um sentimento de ódio o persegue e o espírito da perversidade o domina e acaba por matar seu gato enforcado. Na noite em que cometera esse ato cruel sua casa pega fogo e dificilmente os habitantes de lá conseguem escapar, e no lugar dos escombros apenas uma parede se manteve de pé com a marca em fuligem de um gato com uma corda em seu pescoço.

Um sentimento de remorso o toma e o faz procurar um semelhante para ocupar o lugar do falecido animal.

Encontra um gato parecido em uma taverna e o adota. Mas em vez de um sentimento de carinho e afeição sente antipatia pelo animal que assim como o primeiro era caolho, entretanto acima disso sentia medo do gato por em seu peito possuir a marca de uma forca em seus pelos brancos.

Em um dia que acompanha sua esposa ao porão o animal quase o derruba e ele acaba por tentar matá-lo, todavia sua esposa se põe entre eles e acaba morta. O assassinato não pesa muito nos ombros do narrador que a empareda tranquilamente e procura após concluir o sepultamento o gato para enfim matá-lo, mas não o encontra. Com isso, dormiu tranquilamente pela primeira vez desde a chegada do animal na casa.

No quarto dia após o crime ter sido cometido os policias fizeram uma visita e encontram por culpa do narrador o corpo com o gato emparedado junto ao cadáver.

 

Essa narrativa é muito bem estruturada, seguindo uma linha do supersticioso com o psicológico, em que o próprio nome do gato: Plutão remete ao Deus dos mortos na mitologia romana. Além disso, há alusão a superstição de que todo gato preto é uma bruxa disfarçada. Os atos cometidos pelo narrador levam-no a ver coisas como se ele fosse assombrado por elas, isso fica claro quando aparece nos escombros da casa a imagem de um enorme gato com uma corda no pescoço e quando a mancha branca nos pelos do segundo gato toma a forma de uma forca.

 O sentimento do narrador para com o gato remete ao mito do duplo em que ele não consegue aceitar suas próprias mudanças espelhando no gato sua aversão. Dessa forma, a maneira que o conto é contado em uma gradação de fatos que levam o personagem a se transformar na personificação do mal nos mostra que as ações por mais que elas pareçam estar impunes o que é plantado em algum momento é colhido.

2 comentários:

  1. Olá Mariah! Eu adorei este conto do Edgar Allan Poe e sua resenha detalhou com perfeição os traços marcantes desta obra. Além do sinistro e do choque que o texto traz, a apresentação da perversidade do personagem é muito instigante. Parabéns!

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.