terça-feira, 30 de junho de 2015



Banalidades do cotidiano



- Eu tenho certeza que o nome dela era Antonieta, a minha tia trabalhava na casa dela e a conhecia. Que choque.  – Uma mulher em pé no ônibus retrucou, concedendo espaço para um homem grande passar e olhando para a adolescente que havia conseguido sentar em um dos bancos vermelhos.
- Mas não era Carmélia? Talvez seja apena uma garota parecida, não? – A outra perguntou curiosamente, com uma dessas certezas absolutas que se tem de coisas que não são certas.
- Bem, não importa muito o nome dela depois desse acidente... – a mulher deu de ombros, fazendo uma breve pausa. - Eu já te mostrei o vídeo?
- Você filmou?
- Não fui eu, foi o meu colega de trabalho que estava no parque na hora. -  A mulher desdobrou-se para pegar o grande celular no bolso do jeans, tocando a tela repetidas vezes até entregar a adolescente.
- Então... Deixe-me ver se eu entendi direito, o homem matou a esposa no parque e depois se matou? – Pronunciou as palavras lentamente enquanto as imagens na tela surgiam com algumas paletas de vermelho.

- Sim, deixaram dois garotinhos pequenos. – Sorriu de modo triste para a mais jovem. - A violência anda tão banal esses tempos... – murmurou de modo baixo em meio ao caos do trânsito, os olhos hipnotizados pelas imagens sendo reproduzidas no celular.



                                                                                                                                              ~ Fim.  

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