sexta-feira, 26 de junho de 2015

Crônica

Ciclo Vicioso

            Antonieta e René conversando. Gesticulam, riem, sorriem, balançam suas cabeças. Ao redor, diversas pessoas, cada um com seus problemas de cada dia, presos em pensamentos e preocupações. Nesse cenário, as duas garotas parecem felizes e até mesmo alheias a todo o resto. Seu assunto? Jogos.
            Ao mesmo tempo que mostram partilhar da mesma opinião, parecem não entrarem num acordo quanto ao “melhor jogo de todos os tempos”.
            – Tem aquele difícil pra caramba – diz René.
            – Sim, mas o outro tem mais usuários – argumenta Antonieta.
            – Quantidade não é sinônimo de qualidade – rebate René.
            E assim continua a discussão acalorada entre as duas meninas. Recebem olhadelas de transeuntes e pessoas sentadas ao redor, pois vez ou outra ambas elevam suas vozes. Elas percebem a atenção que recebem, no entanto, não parece se importar. Na verdade, parecem até gostar.
            Pessoas vão e vêm, o assunto se estende, mas agora com outro foco. “O pior jogo de todos os tempos.”
            – Com certeza, é aquele jogo ridículo de fácil. – grita Antonieta.
            – Fácil ou não, muitas pessoas jogam e o amam, não é? – pergunta René com desdém na voz.
            – Pessoas idiotas, René.
            – Não tem como um jogo tão famoso ser o pior de todos os tempos, Antonieta. Se é famoso, é bom.
            – Ah, tanto faz. Eu odeio e é isso que importa. – debocha Antonieta, revirando os olhos e apoiando a cabeça sobre as mãos.
            Assim, parecem ficar com raiva uma da outra. Pessoas em volta percebem e parecem agradecer pelo súbito silêncio. As garotas olham uma para outra, com raiva e tristeza nos olhos ao mesmo tempo. Momentos depois, se olham, sorriem um pouco e a discussão recomeça.
            – Mas agora é sério, o melhor de todos os tempo é o...

Tiago Paiva Prudente
           

             

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