quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

 

Resenha do filme Tudo Bem no Natal que Vem

O filme Tudo Bem no Natal que Vem (2020) segue uma narrativa já conhecida, até os que assistem filmes corriqueiramente já devem ter se esbarrado por este tipo, que é a prisão do tempo, já vimos esta temática, por exemplo, em a Morte te dá Parabéns (2017), uma jovem acorda no dia do seu aniversário e morre no fim da noite, porém, após sua morte, ela acorda no mesmo dia do seu aniversário e recomeça os mesmos acontecimentos até acabar com sua morte novamente e o ciclo se mantem até o fim da trama.

O filme é a estreia do cinema nacional na Netflix com a temática natalina. Jorge, o protagonista do longa, interpretado por Leandro Hassum, é um pai de família que odeia a tradição natalina e tudo relacionado aos rituais dessa data. Em uma dessas celebrações de natal Jorge sofre um acidente em sua casa e só acorda 1 ano depois, no natal seguinte. O filme se diferencia dos demais pelo fato de o protagonista acordar em uma data diferente após cada fim de noite. A ideia de que o natal é magico é inserida com a mudança de personalidade do protagonista, o Jorge que conhecemos lá no início do filme, sentimental e volúvel aos problemas do cotidiano, só aparece no natal, dando lugar a um Jorge calculista que fica no controle o restante dos dias. O filme consegue nos mostrar o quanto coisas que chateiam muitos, a piada do pavê, as pequenas desavenças familiares, o "espertinho" da família que sempre pede dinheiro emprestado, são coisas que fazem parte da maioria das famílias atuais. Com o passar da trama o humor pastelão vai dando lugar a um clima de tristeza, e então fica claro para Jorge que sua idealização de uma vida boa não bate com a realidade.

O longa entrega o que se espera de uma produção natalina, arranca boas risadas ao mesmo tempo que traz uma reflexão, não é uma produção complexa, contudo, muda muita coisa sem deixar diferente do que há nas produções cinemáticas, o que nos deixa com uma pulga atrás da orelha, pois não sabemos o que pode acontecer no filme, diferente do citado no primeiro parágrafo no qual se espera uma quebra do loop e a continuidade da vida do personagem. Vale a pensa assistir, com alguém especial ou sozinho mesmo, com certeza algo te marcará.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

RESENHA: O Visconde Que Me Amava

A série literária  de romance de época “Os Bridgertons” da escritora americana Julia Quinn, retrata uma família muito importante da alta sociedade inglesa do século XIX, a família Bridgertons. Aqui conhecemos a Violet,uma mulher forte e viúva que depois da morte do marido teve que cuidar dos seus filhos sozinha e tem o sonho de ver todos eles casados. 

“Os Bridgertons são de longe a família mais fértil da alta sociedade”. A viscondessa Violet e o falecido visconde apenas tiveram oito filhos e estes são nomeados em ordem alfabética. Sendo assim, temos: Anthony, Benedict, Colin, Daphne, Eloise, Francesca, Gregory e Hyacinth.  Os menores não tiveram a oportunidade de conhecer o pai, pois o menino tinha dois anos e a menina ainda estava na barriga da mãe quando a tragédia aconteceu.



No total temos nove livros, os oito primeiros retratam a vida de cada irmão Bridgerton e o último livro são capítulos extras e o ponto de vista da matriarca da família. É muito interessante ver o crescimento e o amadurecimento de cada um desses irmãos, por exemplo, Gregory e Hyacinth, conhecemos eles crianças e no último livro os dois têm respectivamente 26 e 24 anos. 


No total temos nove livros, os oito primeiros retratam a vida de cada irmão Bridgerton e o último livro são capítulos extras e o ponto de vista da matriarca da família. É muito interessante ver o crescimento e o amadurecimento de cada um desses irmãos, por exemplo, Gregory e Hyacinth, conhecemos eles crianças e no último livro os dois têm respectivamente 26 e 24 anos. 

Em “O visconde que me amava” temos a história do Anthony, irmão mais velho. Quando o pai morreu, já tinha seus 18 anos, então logo em seguida precisou ter muitas responsabilidades, pois era o “chefe da família”, o novo visconde,  apenas no papel porque quem continuava sendo a que tomava as decisões finais era sua mãe. Na temporada de 1814, com seus 30 anos, decidiu que precisava se casar e  que Edwina Sheffield seria a  melhor opção, porém para este casamento acontecer terá que convencer Kate, já que em um dos bailes da temporada Edwina disse que só se casaria com o homem que conseguisse a benção de sua irmã mais velha. No caso isso seria mais difícil do que pensava Anthony, pois Kate não tinha uma boa estima dele, já que acompanhava a coluna de fofoca de Lady Whistledown. Dessa forma, o visconde precisava passar muito tempo com Kate, porque tentava convencê-la de que ele tinha um bom caráter e que não iria fazer mal para a sua irmã e, depois de várias situações, ela percebe que apesar de sua fama ele era uma boa pessoa.


Em “O visconde que me amava” temos a história do Anthony, irmão mais velho. Quando o pai morreu, já tinha seus 18 anos, então logo em seguida precisou ter muitas responsabilidades, pois era o “chefe da família”, o novo visconde,  apenas no papel porque quem continuava sendo a que tomava as decisões finais era sua mãe. Na temporada de 1814, com seus 30 anos, decidiu que precisava se casar e  que Edwina Sheffield seria a  melhor opção, porém para este casamento acontecer terá que convencer Kate, já que em um dos bailes da temporada Edwina disse que só se casaria com o homem que conseguisse a benção de sua irmã mais velha. No caso isso seria mais difícil do que pensava Anthony, pois Kate não tinha uma boa estima dele, já que acompanhava a coluna de fofoca de Lady Whistledown. Dessa forma, o visconde precisava passar muito tempo com Kate, porque tentava convencê-la de que ele tinha um bom caráter e que não iria fazer mal para a sua irmã e, depois de várias situações, ela percebe que apesar de sua fama ele era uma boa pessoa.

Esse livro é um romance clichê, estilo cão e gato que você começa o livro com uma certa ideia de como vai ser o final. É um livro muito leve, com uma leitura fluida, ótimo pra quem precisa se desestressar e quer rir um pouco. Além disso, é muito especial como a autora consegue em todos os livros dessa série colocar como o plano de fundo a importância da família, a união, o amor e deixar a gente matar a saudade dos outros irmãos Bridgertons que vivem se intrometendo nas histórias alheias (amo isso!!!). 



  Um outro detalhe importante, é que foi lançado no final de 2020 uma série da netflix chamada “Bridgertons” baseada nessa querida família, produzida pela Shonda Rhimes, a mesma produtora Greys anatomy, ou seja, teremos muito drama. Essa primeira temporada será sobre a Daphne, porém vemos  um pouco dos  irmãos Bridgertons e de Violet.







 

 

 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

RESENHA – SÉRIE: O CONTO DA AIA

 




     The Handmaid´s Tale (O conto da Aia, em português) – Transmissão original 26 de abril de 2014 - é uma série baseada no livro da escritora Margaret Atwood (1985). A série é produzida pela MGM e retratada pelo canal de streaming Hulu. A série foi merecedora de diversos prêmios dentre esses dois globos de ouro por melhor série de Drama e para a atriz protagonista Melhor atriz de série de drama.

     A série é um tipo de distopia sobre um governo chamado Gilead. Por conta de problemas climáticos a maioria das mulheres no planeta se tornam inférteis diminuindo a taxa de natalidade a ameaçando o futuro da humanidade. Por conta disso grupos religiosos conservadores acabam conseguindo mais e mais adeptos e acabam dando um golpe de Estado na Casa Branca, tomando assim o poder. Esses poderosos contam com arsenais de guerra e fecham as fronteiras dos EUA. Após esse novo governo tomar posse automaticamente os direitos das mulheres são invalidados, tudo que pertence às mulheres é transferido para um parente masculino mais próximo. Ao fechar esse cerco as mulheres ficam de mãos atadas sendo levadas a centros de treinamentos que parecem com campos de concentração feminino. Mulheres LGBT´S e membros de movimentos de resistência são enviadas a campos de trabalho forçado ou até mesmo mortas. Já mulheres consideradas inférteis são chamadas de “Marthas” e enviadas para casas de comandantes (que são homens que desempenham funções de governadores e ministros) e mulheres férteis são enviadas para centros de treinamento onde tem sua mente manipulada para se tornarem Aias. Essas Aias são enviadas a casa de vários comandantes a fim de dar filhos à casa, e então, quando seu objetivo foi alcançado, elas passam a ser de outro comandante.



      A série retrata extraordinariamente que mudanças impensáveis podem acontecer pouco a pouco. Em um certo episódio a protagonista até menciona que essa transposição é como um sapo em uma panela onde a água vai esquentando gradativamente, porém com o costume ele não nota que está perdendo a força até perceber que está completamente sem vigor para pular da panela. Por mais fantasiosa que seja essa distopia ela é mais presente do que imaginamos. Escondida em discursos de ódio e na inferiorização da mulher esse comportamento se dissemina dentro de pessoas que nem imaginamos pois o mal não tem cara. Mais do que intrigante, sensacional e estimulante essa série é necessária.


Resenha crítica: O Gambito da Rainha

XADREZ EM VIDA

 

 

 

  Com um título pouco comum para quem não se envolve com o xadrez, acaba que chama a atenção pelo conteúdo. Além disso, é uma minissérie de sete episódios cheia de assuntos complexos e superações que tende a me fazer cobrar um deslumbre. Por tanto ao me deparar com tal produção fui pega em total fascínio. A real emoção e comoção passada na trama é de trazer até mesmo assuntos antigos aos mais pensados após a série.

  Adaptada por Scott Frank, do romance com o mesmo título escrito por Walter Tevis, em 1983, O GAMBITO DA RAINHA atrai por seus quesitos. Com um elenco de peso, interpretações impecáveis e uma magnifica linguagem visual. É claro que há “tropeços” ao longo caminho, no entanto ainda sim não diminui nenhum valor.

  A série conta a história de Elizabeth, chamada por Beth. Que por ventura foi interpretado Anya Taylor-Joy, atriz de Fragmentado e Pecky Blinders que deu vida a uma personagem com traumas e procura asi mesma em toda sua caminhada.

  Beth Harmon é uma criança que precisa morar em um orfanato após perder sua mãe em um acidente de carro e, chegando lá descobre uma vida completamente diferente e se choca com as regras impostas. Consequentemente ela usa calmantes que é fornecido para as crianças serem dóceis ( que era dado para as crianças em orfanatos no ano de 1967) que, acaba criando um vício em forma de escape. Sendo assim, se chocando com esse mundo onde tudo tinha perdido a graça, a menina encontra o xadrez que por sua vez, vê que tem um bom desempenho no jogo. E sim, ás vezes parece que ela está
em uma brincadeira simples mas foi onde a personagem realmente se encontra, isso se torna a Parte fundamental da trama. Mesmo o jogo exigindo muito da inteligência, mente e audácia a garota vai crescendo, estudando e praticando muito, mostrando que não é só talento. Com isso as partidas de xadrez são mostradas e amplificadas de uma forma tão perfeita que não tive como dormir quando elas aconteciam.

Com isso, o movimento do xadrez fez com que Beth se movimentasse com ele. Sr. Shaibel interpretado por Bil Camp, é o zelador do orfanato que foi o responsável por ensinar Beth a jogar xadrez mesmo as escondidas no local. Mesmo sendo um personagem silencioso, demonstra total química com a personagem O GAMBITO DA RAINHA, uma minissérie estreada em outubro pela Netflix é baseada em xadrez. Idealizada como apenas início, meio e fim teve seu formato dessa forma sem prorrogação para uma possível segunda temporada. O que lhe caiu bem, pois teve um ótimo desempenho e desfecho. ajudando-a evoluir, o que é muito prazeroso de assistir. O personagem desempenha um papel importante na vida de Beth que acaba preenchendo uma lacuna de sua vida perdida no acidente e encontrada agora com ele no jogo.

  O segundo episódio mostra sua vida adulta sem o Sr. Shaibel, mas com tudo que aprendeu com ele. A personagem foi adotada por uma família que tentava se enquadrar socialmente e Beth começa a acreditar que pode fazer do xadrez seu futuro. Nesse momento a personagem pensa achar que está encontrando seu caminho e durante isso ela se depara com a história de sua mãe adotiva Alma Wheatllew, interpretada por Marielle Hellen. A mãe adotiva de Beth e uma dona de casa feita para ser submissa ao marido inadimplente, egoísta e inconstante em um período em que a mulher era extremamente rebaixada pela sociedade e aos olhos dele.

  A conexão que as personagens encontram eleva e desenvolve o ápice de O GAMBITO DA RAINHA. E mesmo mostrando a história de Alma, o foco continua em Beth que evoluí e encontra o crescimento e crises das duas. É nisso que a trama começa a se concentrar, em seu crescimento no xadrez enfrentando seus desafios pessoais também. Elas embarcam junto em viagens pelo país em torneios de xadrez, ousando quebrar as paredes impostas pela sociedade.

  Durante as partidas de xadrez é possível se conectar com as características da personagem através de seus riscos. Enquanto o tempo passa, ela se torna mais sábia, mostrando também o desempenho da atriz Taylor-Joy que se encontra em metamorfose pela personagem. A atriz prende atenção do espectador entre os paradoxos de forma sútil.

  É claro que mergulhando no mundo em que a personagem se encontra, além de dar tudo de si ela tenta se anestesiar com vícios que ficam cada vez maiores. E sendo uma mulher no mundo masculino, o roteiro mostra o grande desempenho das mulheres como também continua o xadrez durante a guerra-fria enfrentando somente homens.

  Inevitavelmente existem erros na trama, a qual estrutura do roteiro pode cansar os espectadores. No entanto mesmo o xadrez sendo tão repetitivo, as partidas não são repetitivas e todas elas cabem no crescimento dos personagens e do roteiro.

  Com um final que redonda a essa minissérie com o fato de Beth ter que se reinventar após se envolver em vícios com jogos e lidar com perdas materiais e sentimentais o conteúdo fica melhor aos nossos interesses. Tanto que em menos de um mês tal minissérie se torna a mais assistida da Netflix após a estreia. E no fim seus ensinamentos faz o público refletir sobre a importância de alguns problemas e como é lidado na sociedade em si. O GAMBITO DA RAINHA deixa um impacto vidas incríveis e emocionantes, que deixam a série necessária. Poderemos ver os demais resultados desse sucesso ao longo do tempo, mas é sem dúvidas a série que você precisa assistir.

 

 


 

 

Universidade federal de Goiás, outubro de 2020

Autoria: Thaynara Neres dos Reis, Disciplina: Leitura e produção

Professor(a): Margareth Lobato

Gênero: Resenha

Thaynaraneres578@gmail.com


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Resenha Crítica : Bom dia, Verônica.

 

Bom dia, Verônica

 

  Genialmente, “Bom dia, Verônica” trata do despertar de mulheres. Despertar, por sua vez, é “fazer sair do estado de torpor ou de inércia; fazer readquirir ou readquirir força ou atividade; espertar.”

  A série inspirada no Livro, de mesmo nome, de Ilana Casoy e Raphael Montes aborda o tema da violência contra a mulher e seus contornos.

 Verônica – não por acaso uma escrivã em uma delegacia de homicídios – ao presenciar um suicídio de uma mulher visivelmente consternada, decide investigar por si mesma o que a levou a cometer tal ato. Descobre então que se trata de um caso de misoginia, em que um homem seduz mulheres por um site de relacionamentos, as droga com uma espécie de “boa noite, Cinderela” que deixa uma ferida nos lábios e, quando acordam se dão conta de que foram furtadas e enganadas.

  Ao tornar o caso público, Verônica, contraria seus superiores que pretendiam “abafá-lo” para manter o “status quo”. Nesse momento, fica evidente como a sociedade trata as mulheres: como seres humanos de segunda categoria. Quando suas vidas não merecem atenção, suas mortes não causam tanta comoção, suas historias não são contadas e nem ouvidas.

  Trazendo à tona traumas do passado de Verônica, o responsável pela delegacia intenta desestabilizá-la utilizando-se de uma forma de abuso psicológico bastante usual: o “gaslighting”. Essa atitude desonesta e criminosa faz com que mulheres – por mais convictas que sejam – percam a confiança em si mesmas e duvidem de suas memórias e de fatos vivenciados. Verônica ainda que seja uma mulher desperta e tenaz – que por vezes será vista como heroína – é uma mulher que está se fragilizando à medida que é obrigada a conciliar sua vida pessoal e seu trabalho. Apesar de suas atitudes serem louváveis, ninguém deveria sair “para a guerra” todos os dias.

  No entanto, a escrivã segue com a investigação e por meio de sua fala à imprensa, outras duas mulheres decidem entrar em contato para realizar uma denúncia. Muitos são os questionamentos à respeito do porquê grande parte das mulheres vítimas de violência não denunciam, além da falta de informação sobre como proceder, há outros motivos que fazem essas mulheres desistirem da denúncia. O interrogatório de Tânia – uma das vítimas que decidiu denunciar – exemplifica bem. Percebe-se nessa cena as claras tentativas de culpabilizar e de descredibilizar a vítima, utilizando -se de perguntas que não convinham ser feitas. O fato chocante é ver que tal constrangimento está sendo provocado por uma delegada; uma mulher. Uma mulher que violenta suas iguais, reproduzindo o machismo que lhe foi internalizado.

  Vemos, então, a importância da escuta cuidadosa e empática, em que há respeito e acolhimento às dores alheias, escuta que não dê espaço para estigmatizações que gerem ainda mais sofrimento.

  A série também retrata, com maestria, Janete. Uma mulher que vive um relacionamento abusivo, cujo o agressor é um oficial da polícia e um serial killer . Ela, que é obrigada a participar das atrocidades cometidas por seu marido, em um determinado momento deve colocar em sua cabeça uma caixa que permite ver apenas parte do que acontece por um pequeno buraco. Algo bastante simbólico é o fato da caixa não ter fechadura ou cadeado, ela pode ser aberta a qualquer momento.

  As falas enfáticas de seu marido, “ EU sou sua família”, “Você é a mulher da MINHA vida” e “Você ainda vai ME dar um filho”, ainda que disfarçadas de cuidado, são carregadas de informações que indicam que se trata de um relacionamento abusivo.

  Assim como nessa primeira cena, o abusador não se apresenta logo de início como um monstro, mas qualquer mulher que vivenciou violência doméstica ou já esteve em um relacionamento abusivo consegue identificar que há ali uma disfunção, ainda que não consiga nomear. Em muitas cenas podemos perceber o quanto a violência simbólica, psicológica e patrimonial são tão cruéis quanto a violência física, ela destrói brutalmente cada pedacinho de autoestima e confiança, corrói a ponto de alterar a percepção que se tem sobre si.

  Vemos em Janete, toda dor e medo comprimidos, cada centímetro. A anulação de si mesma a ponto de não ser reconhecida, de não ter mais identidade, tantas concessões não lhe sobrou mais nada. Uma “passarinha” - como sadicamente é chamada por seu agressor – que não sabe mais como usar suas asas, e as penas pesam.

  Ainda assim ela abre a caixa. E, a cada vez que a caixa é aberta, ela consegue enxergar melhor o que de fato está acontecendo. Consegue ver que não era nela que havia algo de errado e, desperta, tenta alçar voo.

  Ao ouvir casos como esses, muitos podem ter o ímpeto de culpar e julgar de diversas maneiras as mulheres envolvidas, mas elas definitivamente não são as culpadas por entrarem nesse tipo de relacionamento. A forma como meninas são socializadas as levam à esse tipo de relação, pois desde o nascimento vai sendo internalizada a ideia de que precisam de aprovação masculina, precisam ser escolhidas, precisam de um homem para que se sintam realizadas e sejam validadas por essa sociedade falocêntrica. Ao mesmo tempo há um esforço enorme para minar a autoestima dessas meninas para que nunca se sintam suficientes e merecedoras. Assim, a mulher já entra na relação vulnerável.

  E como sair ? Como denunciar em uma sociedade em que homens sempre tem primazia? Assim como foi com Janete, a sociedade continua levando mulheres – sem nenhum ressentimento – à fogueira.

Assim, a série desempenha um papel muito importante ao trazer esse tema tão necessário, de forma tão sensível e crua, à baila.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

À Procura da Felicidade (Filme)

Resenha de Filme

 

À Procura da Felicidade 

(The Pursuit of Happyness, EUA, 2007), dirigido por Gabriele Muccino. 

Elenco: Will Smith, Jaden Smith, Thandie Newton e Brian Howe.

À Procura da Felicidade | Wiki Dublagem | Fandom

 

        O filme é baseado em uma história real da vida de Chris Gardner. Chris Gardner é um pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros, trabalha duro e não recebe o suficiente para pagar as dívidas no fim do mês, e apesar de todas as tentativas em manter a família unida, Linda, sua esposa, vai embora deixando seu filho, o pequeno Christopher, de apenas cinco anos, para Chris cuidar sozinho. Chris agora é pai solteiro e precisa cuidar de Christopher. Ele tenta usar sua habilidade como vendedor para conseguir um emprego melhor e consegue uma vaga de estagiário em uma importante corretora de ações, mas não recebe salário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja contratado e assim tenha um futuro promissor na empresa. Ele perde a casa e tudo o que tem e passa por grandes apertos, dormindo em bancos de parque, abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um abrigo à noite. Quando o estágio termina, Chris é chamado para ser efetivado e abre mais tarde sua própria empresa de consultoria, se tornando uma referência no ramo e alcançando extremo sucesso.

        A atuação impecável de Will Smith no papel de um homem e, principalmente, de um homem na condição de pai, revela neste filme que, as circunstâncias ruins forjam o homem forte. A resiliência foi maior do que qualquer adversidade, ao invés de abraçar o desespero, esse pai prova que, diante de uma crise, ele suporta, aprende e torna-se um herói. É uma história fecunda de honestidade e sinceridade, e Chris, se mantém fiel ao seu único objetivo: conseguir dar um futuro digno à seu filho. Observando sua conduta, somos levados a refletir sobre nossa versatilidade, criatividade, determinação e bom humor na luta em busca de um objetivo, nosso comportamento e autoconfiança diante das dificuldades na luta pela sobrevivência. Incontestavelmente, é um filme que nos prende do começo ao fim e nos concebe uma lição comovente.

 

A magnitude de Evelyn Hugo


RESENHA: OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO


Os Sete Maridos de Evelyn Hugo foi o quinto livro publicado pela autora romancista Taylor Jenkins Reid, em 2017, sob o titulo original de The Seven Husbands of Evelyn Hugo. No Brasil, foi lançado em 2019, através de uma edição especial e exclusiva produzida pela Tag – Experiências Literárias e em uma parceria com a Editora Paralela, o qual foi lançando, posteriormente, em sua versão para as livrarias de todo o país.

O romance fictício escrito por Reid (2017) dá a vida a personagem central da história, Evelyn Hugo, um dos maiores símbolos de Hollywood desde a década de 50, um dos grandes retratos de referência feminina em cinema no mundo. A personificação de Hugo é então narrada por Monique Grant, uma jornalista, desconhecida e desprovida de experiência, que recebe a maior e única oportunidade de sua carreira: escrever a biografia de Evelyn Hugo, contada pela própria atriz, agora com oitenta anos de idade e uma vida que fora inteiramente cercada pelos holofotes. Grant, escolhida especialmente por Evelyn para a autoria de sua biografia, se sente a beira de um misto de emoções, que vão de felicidade e honra, a curiosidade e suspeita, afinal, o que tem a dizer a mulher que por tantos anos subiu ao palco das grandes especulações e rumores, a mulher que fora casada sete vezes e que foi observada diante de tudo e de todos? A partir da ênfase no questionamento de quem fora e como se tornara uma estrela mundial, Evelyn Hugo ainda tem muito a dizer.

Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, representa, para mim, a maior e melhor leitura do ano. Particularmente, o livro chegou em minhas mãos em abril de 2020, cerca de um ano após o lançamento da obra no Brasil, e, apesar de ter passado os olhos por alguns comentários positivos a respeito, eu iniciei a leitura sem grandes expectativas e com zero conhecimento prévio do que iria se tratar a história, nada além de uma breve especulação diante do título.

A narração presente no livro é fácil e fluída, o que, por si só, já torna a experiencia de ler agradável, mas além disso, logo nas primeiras 30 páginas, o enredo é capaz de prender a atenção do leitor e convence-lo a não soltar o livro. Quanto mais se avança na leitura, mais envolvidos ficamos com o que se passa na história. Temos a trajetória de ascensão de Evelyn Hugo descrita de forma tão pessoal e cativante que é, até mesmo, possível acreditar que a personagem é real e faz parte dos nossos ícones de celebridades. E diante do percurso vivido por Evelyn, sob a narração do seu próprio ponto de vista, conhecemos cada um dos sete maridos da grande atriz e nos rodeamos com a dúvida central de quem, de fato, foi o grande amor de sua vida.

A construção da figura principal da obra, Evelyn Hugo, foi tão marcante, que, ao ler o livro criamos um sentimento de vínculo com a estrela, e somos capazes de nos emocionar, rir, e querer defender a personagem, pois sentimos que vivemos todos os passos junto com ela. Ademais, Taylor Jenkins Reid (2017) foi capaz de habilitar em nossas mentes uma imagem explicita de Hugo, que logo se tornaria uma marca única da própria personagem os cabelos loiros, vestidos verdes e joias, sendo impossível reverter sua imagem e não relacionar tais elementos a ela. 

É, logo, com o grande caráter feminino, com o romance que se inicia sutilmente até o ponto que nos ressalta de forma inegável, que essa obra se lança como uma das obras mais significantes lidas por mim, ao passo que, além de me fazer passar noites a dentro imersa na leitura, se tornou marcante a ponto de ser citado durante meses e, quem sabe, anos, após a leitura. Os sete maridos de Evelyn Hugo, com toda a sua impactante trama, sua reviravolta de caminhos e emocionante jornada, é, de fato, que traz o fervor de amar um personagem como se este fizesse parte, não só de nossas realidades, como de nossas próprias histórias.