quarta-feira, 14 de junho de 2017

A construção do horror no trato literário-digital de Grau 26


  Resenha do livro Grau 26.

A construção do horror no trato literário-digital de Grau 26
         Grau 26, originalmente Level 26: Dark Origins, é o primeiro livro da trilogia de suspense Level 26, escrita por Anthony E. Zuiker e Duane Swierczynski. Foi lançado nos Estados Unidos em 2009 pela editora E. P. Dutton e é considerado o primeiro “romance digital” do mundo. De forma interativa, o leitor acompanha a trajetória do detetive aposentado Steve Dark na captura por Sqweegel, um assassino em série com nível de psicopatia acima dos vinte e cinco já descritos: o vigésimo sexto grau.
       A perseguição de Dark, ao lado dos agentes Riggins e Constance, é narrada em terceira pessoa de forma explícita, intensa e sombria, a ressaltar a crueldade do torturador, apelidado, pela FBI, de Sqweegel. A inovação de Grau 26 consiste no diálogo com o meio digital: no final dos capítulos, uma nota de rodapé indica “Para assistir à cena descrita, acesse grau26.com.br e insira a senha x”. Em 356 páginas, o leitor se impressiona com relatos chocantes, que vão desde ameaças à esposa do detetive, Sibby, até o assassinato lento e brutal de dois estudantes, após serem estuprados.
       Anthony E. Zuiker, criador da série de investigação CSI, em parceria com Duane Swierczynski, escritor de inúmeros livros sobre crimes, constrói um homicida impiedoso: a descrição de Sqweegel como um homem cauteloso, metódico e sádico, que veste uma roupa de látex branca e ultrapassa todos os níveis de psicopatia descritos anteriormente já faz o leitor pressupor o horror diegético a ser desenvolvido na obra. Dividida em três partes – O homem vestido de assassino; A ascensão do mal e As virtudes celestes – a linguagem onomatopeica do romance, assim como o sarcasmo em intensidade e a repetição da aclamação de Sqweegel (“Um por dia vai morrer/Dois por dia vão chorar/Três por dia vão mentir/Quatro por dia vão suspirar/Cinco por dia vão questionar/Seis por dia vão fritar/Sete por dia... o que será...”) conduz uma repulsa durante a leitura, fundamental para a elaboração do suspense.
       O livro de Zuiker e Swierczynski é, portanto, um destaque do gênero policial, à medida que envolve literatura com internet, sem deixar de desenvolver um romance descritivo, carregado de mistério. As ilustrações, os recursos narrativos e extralinguísticos e o jogo com o digital favorecem uma leitura fácil, tensa e dinâmica. Ainda, no epílogo, os autores progridem, com êxito, a possibilidade de uma sequência, efetivada nos outros dois romances da trilogia: Grau 26: A Profecia de Dark e Grau 26: As Revelações de Dark.

A quem se interessar pela obra: Grau 26 (PDF)

Guilherme Moura,
estudante do 1° período de Letras/Português
Faculdade de Letras - Universidade Federal de Goiás.

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