“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”
-Ilha das Flores
Jorge Alberto Furtado (Porto Alegre, 9 de junho de 1959) é um cineasta brasileiro. Começou a carreira profissional no início dos anos 1980, na TV Educativa/RS, onde foi repórter, apresentador, editor, roteirista e produtor. O Próprio roteirista/diretor já afirmou em entrevista que o texto do filme é inspirado em suas leituras de Kurt Vonnegut ("Café-da-manhã dos Campeões"/ "Breakfast of Champions") e nos filmes de Alain Resnais ("Meu Tio da América"/ "Mon Oncle d'Amérique"). Sobretudo, o curta recebeu os seguintes prêmios: Melhor filme de curta-metragem (e mais 8 prêmios) no 17° Festival de Gramado, 1989. Urso de Prata para curta-metragem no 40° Festival de Berlim, 1990. Prêmio Air France como melhor curta brasileiro do ano, 1990. Prêmio Margarida de Prata (CNBB), como melhor curta brasileiro do ano, 1990. Prêmio Especial do Júri e Melhor Filme do Júri Popular no 3° Festival de Clermont-Ferrand, França, 1991. "Blue Ribbon Award" no American Film and Video Festival, New York, 1991. Melhor Filme no 7º No-Budget Kurzfilmfestival, Hamburgo, Alemanha, 1991.
Em termos de linguagem cinematográfica, o vídeo é simplesmente genial, com um roteiro primorosamente bem construído. A primeira imagem que aparece na tela é o aviso “Este não é um filme de ficção”, ao som de “O Guarani”. O curta é iniciado em Belém Novo, município de Porto Alegre, em uma plantação de tomates, nesta, há um ser humano, japonês, ao citar tal característica, é descrito como são os japoneses e logo em seguida, o ser humano, assim como todos os objetos apresentados no decorrer do curta e essa é a estrutura básica para a construção do mesmo.
O resultado foi tão bom, que atualmente influencia diversos tipos de peças audiovisuais, desde trabalhos de estudantes de graduação, passando por tapes publicitários e até mesmo obras televisivas. A respeito da linguagem, é inovadora, divertida, despachada, ao gosto de jovens acostumados com edições rápidas e ao estilo dos videoclipes musicais. Outro aspecto que chama a atenção é o de que, apesar de tratar-se de tomates à primeira vista, esta produção é de cunho extremamente crítico e tal juízo, muitas vezes se dá através de algumas sátiras. A propósito desta afirmação, cabe darmos o seguinte exemplo:
Com isso, torna-se perceptível que o vídeo não cita de forma direta, ideias
como “capitalismo”, “mais-valia” ou “guerra de classes”, mas se fundamenta
nelas para que o expectador comprove por si mesmo a necessidade da presença de
um Estado apto para controlar a livre-iniciativa.
Mas o que acontece, com quem não possui o capital? As relações existentes no
sistema ocorrem de maneira justa? Todos têm as mesmas possibilidades de acesso
ao capital? “É através da aplicação da dialética, afirmando um pensamento que é
claramente um curto-circuito lógico, que o discurso de “Ilha das Flores” se
impõe ao expectador (Na obra “1984”, George Orwell já denunciava a dialética
marxista na antológica frase: “Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância
é Força”). Contudo, é importante notar que, dada o alcance e a profundidade da
influência do vídeo, não há nenhuma dúvida de que ele cumpriu o papel para o
qual ele foi criado com precisão cirúrgica: usar o brilho do hábil domínio da
edição e das técnicas de narrativa em formato áudio-visual para obliterar a
contradição mais evidente no pensamento marxista (explicitada pela célebre
frase de Orwell), seduzindo, sobretudo, aqueles em idade de formação escolar a
adotarem uma postura de aversão à liberdade com o objetivo de se tornarem
“livres”.”-(trecho postado por Ana Beatriz no blog nossa realidade insana).Por fim, para ter compreensão do que se trata o curta, torna-se importante ressaltar o que é lixo para os seres humanos, no caso, este é definido a partir de uma conjugação de esforços do telencéfalo altamente desenvolvido com o polegar opositor e que, segundo o julgamento de um determinado ser humano, não tem condições de virar molho de tomate, como afirma Furtado.
Em Porto Alegre, o lugar escolhido para que o lixo possa cheirar mal e atrair doenças chama-se ilha das flores. Não há nesta ilha, flores, mas há muitos porcos, assim como um dono para estes. O dono dos porcos comprou um pequeno terreno, terreno é uma porção de terra cercada por uma cerca, esta, permite que os porcos não saiam do terreno e que outros seres humanos não entrem no mesmo. Partindo desta ideia, os empregados do dono dos porcos separam do lixo, os alimentos de origem orgânica que julgam adequados para a alimentação dos porcos. Aquilo que foi considerado impróprio para a alimentação destes, será utilizado na alimentação de mulheres e crianças. Mulheres e crianças são, como já é de imaginar, seres humanos, com telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, sem nenhum dinheiro e dono.
O que coloca os seres humanos da ilha das flores depois dos porcos na prioridade de escolha de alimentos é o fato de não terem dinheiro. Nem dono.
Obs: Apesar de ter procurado imagens e informações a respeito da ilha das flores nos dias atuais, aparentemente, nenhuma mudança foi realizada.
Referências Bibliográficas:
Trecho citado de Ana Beatrizhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_das_Flores_(curta-metragem)
Curta Ilha das Flores - Completo
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ResponderExcluirIncrível. Já até assisti. Fascinante como você consegue trazer a ironia do curta para a sua resenha. Ilha das Flores é um confronto desconfortante, mas necessário, com a realidade na qual estamos inseridos. Já tinha ouvido falar do lugar, porém nunca tinha visto o curta. Ótima escolha. Parabéns pela resenha!
ResponderExcluirFico muito feliz que tenha assistido! (:
ExcluirAgradeço.
Vou ver também. Nunca tinha ouvido falar até ler sua resenha Jéssica. Depois vou assitir 😊
ResponderExcluirSua resenha ficou ótima! 😊
😊😊😊 que bom Sarinha. Obrigada.
ExcluirChocada, que resenha boa Jessica!! Já vou procurar assistir
ResponderExcluirMuito obrigada Julia. 😊
ExcluirEU SIMPLESMENTE AMEI <3
ResponderExcluirAgradeço (:
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