sexta-feira, 22 de julho de 2016

Ade-ga-bá

            Gritou uma criança do lado de minha mesa, numa panificadora: ade-ga-bá! Todos conversavam, eu escrevia: sendo, portanto, julgado por olhos que nunca vira. Mais julgado me senti que o Menino-Adegabá. Ele ainda não aprendeu: está aprendendo. E como?! Uai: chantagem. Oferecem-lhe um chiclete: uau! Quão falho... desde cedo as crianças já descobrem o valor material que suas ações têm; ações notadamente imateriais: ádega-bá! Capitalismo infantil? Cadê a solidariedade?
http://img.elo7.com.br/product/original/10B763D/squeeze-minions-promocao-imperdivel-promocao-imperdivel.jpgAff... Paremos de sonhar. As pessoas só sonham, nunca fazem. O chiclete não acalmou o Menino-Adegabá. Só um objeto o poria em silêncio(?): o chaveiro de minha mochila. Então: solidariedade: dei-lho. Ai, eu gostava tanto e, agora, está a ser destruído por um... um algo que nem bem descobriu que existe. Deixe assim. Vale mais. O silêncio de então valeu mais. Ei-la: solidariedade: recíproca(?).
            A solidariedade (já repararam que dentro dela há solidão?) está nisto: jamais reaverei o chaveiro.
1)   Não quero tomar-lho, ele faria o maior alvoroço, credo!, odeio escândalos.
2)         Eu luto?, LUTO por isto: um mundo que é nosso.
Isso, porém, nem é bonito. Claro que não! Tratava-se de um Minion, ah ele gostou: caridade. Uma ova!, puro interesse meu, interesse no silêncio: ádega-bá. Sem que os pais soubessem, ensinei a ele a moral-do-comportamento-em-panificadoras. Que absurdo!, paremos com essa de moralista. quem mesmo disse que não havia nada mais imoral que os moralistas? Quem diria: a moral-do-chaveiro. Dar-lho-ei; dar-lho-ei; dar-lho-ei: bleh! Foi-se então. Isso é importante: temos de ver nele a geração que está nascendo. A geração que já aprendeu o valor da troca; troquei, pois: pelo silêncio, pelo texto, pela pose de caridoso.


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