sexta-feira, 15 de julho de 2016

O poeta que busca a justiça social através das rimas
                                                  
          Criolo (Kleber Cavalcante Gomes) é um rapper brasileiro oriundo da cidade de São Paulo, nasceu no dia 5 de setembro de 1975. É conhecido pelas músicas com temáticas sociais que enfatizam os problemas da sociedade contemporânea. De origem humilde, os problemas sociais expostos em suas músicas faziam parte do seu cotidiano. Um de seus maiores sucessos é a canção “Convoque seu buda”, que também é o título do seu terceiro disco, lançado no ano de 2014. A música pontua questões como a violência, hipocrisia, a opressão do sistema, entre outros dilemas urbanos. A canção é uma das que ilustra a obra de Criolo e propicia uma visão do que o rapper busca com suas rimas. Com uma sonoridade bem característica (uma marca do músico) “convoque seu buda”  não poderia deixar de trazer os beats. Também estão lá o teclado, baixo, a bateria, guitarra e instrumentos como tambores.
Capa do disco “Convoque seu buda”, que tem como uma das principais faixas a canção que leva o título do disco.
          Não é novidade que o rap é um gênero musical marginalizado, cercado de estereótipos. Essa marginalização evidencia um preconceito linguístico social, já que as letras desse gênero são carregadas de gírias e marcas da linguagem coloquial. Na maioria das vezes descreve sem censura e pudor a realidade da classe dominada. Essa descrição choca pois sai dos padrões, que tendem transmitir a realidade ao público de uma forma mais leve e às vezes alienadora. E não seria esse o principal objetivo do rap, um choque de realidade? Essa expressão artística procura expor o cotidiano da maioria dos brasileiros, busca o direito do povo de falar e ser ouvido. A letra da música “Convoque seu buda” descreve o dia- a- dia dos brasileiros que residem nas periferias, favelas, subúrbios e constituem a classe menos favorecida do nosso país. A descrição que a música faz é carregada de ironia, por esse motivo só inquieta aquele que realmente entendeu tal ironia. No trecho “Mudar o mundo do sofá da sala e postar no insta, e se a maconha for da boa que se foda a ideologia”, Criolo critica a hipocrisia e a alienação. A luta da grande maioria dos brasileiros é exposta na seguinte frase “Ao trabalhador que corre atrás do pão é humilhação demais que não cabe nesse refrão”. Já a violência é enfatizada no seguinte trecho “O anjo do mal alicia o menininho e todo noite alguém morre, preto ou pobre por aqui”. Um fragmento bem interessante é o que compara Grajaú que é o principal bairro do distrito do Grajaú, na Zona Sul do município de São Paulo com o jogo GTA, que possui um enredo repleto de práticas ilegais, como violência, tráfico de drogas, assassinato, prostituição. Há marcas do hinduísmo, do budismo e do candomblé em seus versos, podendo ser uma manifestação de Criolo contra a intolerância religiosa. A opressão não só do sistema mas de uma sociedade com ideias ultrapassadas e impositivas é expressa pelo músico na seguinte frase “Se o pensamento nasce livre aqui ele não é não.“ Com uma análise mais profunda, é possível encontrar uma gama de problemas sociais expostos nessa canção, afinal suas obras são sempre carregadas de mensagens desde o título até a última palavra. Confirmando o compromisso com a denúncia social, a música de Criolo possibilita a afirmação de uma identidade própria, a voz da periferia escoa em suas rimas.
       Criolo fortaleceu o rap nacional, através de suas letras vem trazendo voz a classe menos favorecida. O músico expressa sua leitura crítica do país por meio de sua habilidade com as palavras de uma forma muito particular, o que o torna irreverente e inovador. É uma referência intelectual que a sociedade carece, pois através de sua arte busca a justiça social. Por fim, penso que a obra do rapper nos proporciona a possibilidade de conhecer uma visão de mundo admirável, que busca nada mais nada menos que justiça. Como foi dito por ele em uma entrevista com Lázaro Ramos, em 2013, no programa “Espelho”, do Canal Brasil “Não tem problema nenhum você ter cinco ou seis refeições ao dia, pra mim isso não tem problema nenhum! O grande problema é o nosso povo, a maioria não ter uma refeição no dia e ainda se sentir culpado.”







Entrevista disponível em:

Estudante: Izadora Borges da Silva Batista

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