sexta-feira, 22 de julho de 2016

                                                                                                                                                          Má aluna ou péssimo instrutor?

Não nego gosto muito de andar de ônibus, porque no final do dia sempre tenho histórias para contar. E hoje não será diferente.  Tenho dezoito anos e quero tirar minha carteira de motorista, então me atento sempre às conversas sobre aulas e provas de direção. Nessa manhã, já dentro do ônibus, depois de correr para não perde-lo, ouvi que um casal de amigos conversava sobre Estefania não conseguir tirar sua carteira de motorista e culpar seu instrutor por isso.

 Ela dizia:

-- Eu fiz tudo certinho, só errei uma seta, que esqueci e deixei o carro apagar uma vez, mas só.
-- É pouca coisa mesmo, disse Roberval.
-- E o pior você não acredita, quando fui renovar o pacote de aulas a atendente me disse que deveria fazer tudo de novo, porque o instrutor disse que errei a seta duas vezes, deixei o carro apagar duas vezes e ainda queimei a faixa de pedestres. E continuou: -- Aí, briguei com ela, porque era mentira.
-- E ficou por isso mesmo? Perguntou Roberval.
-- Não, eu disse que não faria tudo de novo, fiz o mínimo de aulas e já marquei a prova.
-- Hum. Roberval não disse muito.
-- Mas ainda bem que já tinha me vingado. Quando ele pediu para eu parar o carro, ao terminar  a prova, logo depois de me encher de reclamações, eu parei o carro de uma forma brusca, que ele deu uma sacudida violenta. Antes de ele terminar a palavra ‘reprovada’ eu já disse o quanto ele era desalmado, maldoso e muito mais.
-- Essas escolas só querem ganhar dinheiro e reprovam atoa. E já fez a outra prova?
--Sim. Fiz com uma instrutora. Ela já é de idade, tão simpática e carinhosa. Quando chamou meu nome estava tão nervosa que não consegui levantar, mas ela veio até mim e me perguntou: -- Por que tanto medo? Não precisa disso. Vamos?
-- Eu fui. Nossa! Como ela me tranquilizou. Fiz a prova bem tranquila. 

Admito estava apreensiva, ansiosa e feliz, porque se ela estava tranquila não tinha motivo para reprovar, mas eu não era a única ansiosa pelo resultado, Roberval perguntou:

-- E passou?
-- Não, respondeu Estefania, depois da prova à instrutora, com toda calma, me explicou o que errei, ela disse que não poderia me ajudar. Agora estou esperando ser chamada novamente. Falaram-me que talvez eu vá fazer com uma instrutora chamada Lucineide e já ouvi falar que ela é chata. Já perguntei se posso recusar fazer a prova com ela.
-- E pode? Perguntou Roberval.
-- Não. Só se eu já tiver feito prova com ela e não é o caso.
  
Chegamos ao terminal e seguimos rumos diferentes, mas já não sabia mais se o primeiro instrutor era mesmo um carrasco.         

Por: Jéssica Gomes Neves.
Graduanda de Letras-Francês/UFG.

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