Não nego gosto muito de andar de ônibus, porque no final do
dia sempre tenho histórias para contar. E hoje não será diferente. Tenho dezoito anos e quero tirar minha
carteira de motorista, então me atento sempre às conversas sobre aulas e provas
de direção. Nessa manhã, já dentro do ônibus, depois de correr para não
perde-lo, ouvi que um casal de amigos conversava sobre Estefania não conseguir
tirar sua carteira de motorista e culpar seu instrutor por isso.
Ela dizia:
-- Eu fiz
tudo certinho, só errei uma seta, que esqueci e deixei o carro apagar uma vez,
mas só.
-- É pouca
coisa mesmo, disse Roberval.
-- E o pior
você não acredita, quando fui renovar o pacote de aulas a atendente me disse
que deveria fazer tudo de novo, porque o instrutor disse que errei a seta duas
vezes, deixei o carro apagar duas vezes e ainda queimei a faixa de pedestres. E
continuou: -- Aí, briguei com ela, porque era mentira.
-- E ficou
por isso mesmo? Perguntou Roberval.
-- Não, eu
disse que não faria tudo de novo, fiz o mínimo de aulas e já marquei a prova.
-- Hum.
Roberval não disse muito.
-- Mas ainda
bem que já tinha me vingado. Quando ele pediu para eu parar o carro, ao
terminar a prova, logo depois de me
encher de reclamações, eu parei o carro de uma forma brusca, que ele deu uma
sacudida violenta. Antes de ele terminar a palavra ‘reprovada’ eu já disse o
quanto ele era desalmado, maldoso e muito mais.
-- Essas
escolas só querem ganhar dinheiro e reprovam atoa. E já fez a outra prova?
-- Eu fui.
Nossa! Como ela me tranquilizou. Fiz a prova bem tranquila.
Admito estava
apreensiva, ansiosa e feliz, porque se ela estava tranquila não tinha motivo
para reprovar, mas eu não era a única ansiosa pelo resultado, Roberval perguntou:
-- E passou?
-- Não,
respondeu Estefania, depois da prova à instrutora, com toda calma, me explicou
o que errei, ela disse que não poderia me ajudar. Agora estou esperando ser
chamada novamente. Falaram-me que talvez eu vá fazer com uma instrutora chamada
Lucineide e já ouvi falar que ela é chata. Já perguntei se posso recusar fazer
a prova com ela.
-- E pode?
Perguntou Roberval.
-- Não. Só
se eu já tiver feito prova com ela e não é o caso.
Chegamos ao terminal e seguimos rumos diferentes, mas já não sabia
mais se o primeiro instrutor era mesmo um carrasco.
Por: Jéssica Gomes Neves.
Graduanda de Letras-Francês/UFG.
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