Uma tarde normal, entrei no elevador.
O único de um prédio de quinze andares com quatro apartamentos por andar. Mais
uma vez, a mesma reclamação... “Esse elevador é realmente muito lento. Vamos
sofrer até que a reforma do outro acabe.” Saí, o dia não
tinha acabado, e quando, por fim, voltei, a reclamação de novo. “Até quando
vamos ter que lidar com a lerdeza desse elevador? São dez segundos para parar
no andar, mais cinco para abrir a porta...”. Então, refleti. Talvez o mundo
esteja corrido demais para abrir os olhos e enxergar os que estão em volta.
Talvez o mundo esteja mesmo tão monótono que esperar segundos a mais no elevador
com alguém seja assim tão incômodo. Talvez enxergar o próximo seja mesmo tão
difícil. Parei pra pensar, e, sabe, esse cotidiano é meio confuso. Segundos
voam no trabalho, mas estar no elevador por mais tempo parece eternidade. Notei
que se tentasse estabelecer algum tipo de comunicação com alguém que estivesse
ali, tudo ficaria mais fácil. Talvez um “hoje o dia está quente, não?”, faria
com que os segundos passassem mais rápido e não fosse tão complicado esperar.
Talvez estar mais atento a quem está ali ao lado, poderia resultar numa boa
conversa, futura amizade. Mas o mundo realmente cobra muito, certo? Tempo é
dinheiro e segundos custam caro... Até quando? Ver sempre um lado bom no dia a
dia é dádiva. O elevador talvez não seja tão vilão assim. Talvez seja uma forma
de fazer reviver o conceito de comunidade naquele prédio. Talvez o elevador
lento tenha um propósito. Talvez, só talvez.
Laura Pentian, graduanda em Letras-Português pela Universidade Federal de Goiás.
Que bonito isso.
ResponderExcluirQue bonito isso.
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