segunda-feira, 25 de julho de 2016

Pela cidade


Em muitas das minhas andanças, já vivenciei diversas situações inusitadas, tanto no transporte coletivo, quanto nas ruas das cidades. Relatarei aqui, o último ocorrido que me recordo.






          Duas senhoras esperavam o coletivo em uma avenida no centro da cidade. Uma carregava sacolas de compras de uma loja qualquer do centro, agarrada a sua bolsa de uma forma superprotetora. Essa senhora se portava um tanto quanto inquietamente por ter ouvido no noticiário local que o centro estava muito perigoso. Sua companheira, ligeiramente mais nova, se portava de forma tranquila, fumando seu cigarro barato, pensando talvez no filho e em sua família.
Ambas estavam ao relento da noite em plena avenida, apenas esperando o coletivo da rota 170 chegar. A senhora das sacolas, provavelmente incomodada com o cheiro do cigarro de sua colega de banco, se retira momentaneamente do seu posto para se aproximar da avenida, como se fosse para averiguar se aquilo que esperava estava próximo de sua chegada. Decepcionada como de costume com o transporte coletivo, a senhora percebe que sua companheira havia terminado seu cigarro, e logo a senhora das sacolas retorna a seu lugar.
          Um celular toca, ambas se entreolham, com o olhar de questionamento para descobrir de quem era aquele aparato tecnológico. A fumante soluciona a dúvida falando "é meu", logo atende o celular e se afasta um pouco para poder falar. Enquanto isso, a senhora das sacolas, observa a rua,  como se procurasse um motivo para se por preocupada por sua segurança, muito aflita para poder aproveitar os ares noturnos, ela retira seu celular para ver as horas, e torna a fitar a fumante. A senhora fumante retorna ao banco e se põe a cantarolar uma canção. Após um breve intervalo, o ônibus sinaliza sua presença no final da rua, sendo o único farol da rua. Ambas as senhoras se preparam para subir no veículo, levantando-se e se aproximando da margem da avenida. A senhora das sacolas, se põe aliviada, acreditando estar segura, ao menos enquanto estivesse dentro do coletivo. Todavia, não tarda a acontecer o impensável, um novo indivíduo adentra o cenário, um homem jovem trajado de bermuda sandálias e uma regata. Como um antagonista do coletivo, começa a correr em direção as senhoras. A senhora das sacolas, se põe em alerta instantaneamente, o coração dispara, e começa a olhar de um lado para o outro, tentando calcular qual dos protagonistas conseguiria chegar primeiro nela e em sua companheira. Quanto mais o ônibus se aproximava, mais rápido o jovem corria... Para o desespero da senhora das sacolas, quem chegou primeiro a elas foi o jovem. Neste momento, a senhora das sacolas aperta sua bolsa como se aquilo valesse a vida dela, arregala os olhos enquanto seu coração disparava. Nesse breve momento de torpor, o ônibus chega ao destino, a senhora sai correndo para dentro do ônibus em desespero, quando adentra o ônibus, ela vê o jovem ofegante pedir a benção a sua mãe, para que assim pudessem entrar no ônibus. O motorista, foi o único a perceber tais acontecimentos. A viagem terminou sem mais acontecimento calorosos.

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