O
Salto:
uma “música pensante”
O
Rappa, uma banda brasileira formada em 1993 no Rio de Janeiro. É
conhecida por suas letras de forte impacto social, carregadas pela
mistura de sons com influências de rock, reggae, rap, samba e MPB,
uma sonoridade ímpar. Não obteve muito sucesso com seu álbum de
estreia, mas alcançou fama nacional com o segundo disco Rappa
Mundi,
lançado em 1996. O Rappa já vendeu mais de cinco milhões de cópias
dos seus trabalhos e mesmo com a perda de Marcelo Yuka – letrista e
fundador do grupo – não se deixaram abalar. As músicas, grande
maioria com um cunho social possuem fortes críticas ao sistema
democrático brasileiro e expõem, por vezes de modo subjetivo,
problemas enfrentados pela sociedade, principalmente, as classes
sociais menos favorecidas.
Outra
forte característica musical da banda são os instrumentos
“inusitados” utilizados por eles, em
setembro de 2008 O
Rappa
deu uma entrevista para o Blog Música
do Brasil
onde falaram sobre tais
instrumentos, são
eles:
marimbas, bacias, garrafas, latas, tamancos, taças, e até a
“marmita” um instrumento inventado por Lobato – instrumentista
da banda – o instrumento assim
é chamado pois é
nada
mais que uma
lata com arroz e feijão. O
Silêncio Q Precede o Esporro,
quinto álbum do grupo, lançado em 13 de novembro de 2003, não
diferente dos demais, traz músicas
com um forte teor crítico-social apontado pela maioria das músicas,
dentre essas O
Salto. A
música faz utilização instrumental de cordas e cellos
diferenciando
a canção e enriquecendo sua sonoridade, umas
das características da banda.
De
uma
maneira subjetiva, a letra faz referência
ao governo Collor, um governo que ao tomar posse anunciou um pacote
de modernização administrativa e vitalização da economia, porém
não foi bem sucedido, causando desemprego e insatisfação popular e
o pior de tudo, a surpresa de trabalhadores e empresários com o
confisco em suas contas bancárias. Após isso, Collor lançou outro
plano e tentou outras formas de “correr atrás” do prejuízo,
mas, novamente, não obteve êxito e só fez com que a população
ficasse
ainda
mais revoltada e descontente. Além de tudo isso, Collor era alvo de
denúncias de corrupção envolvendo famosos políticos brasileiros,
e com a revelação de esquemas que envolviam o então presidente
nada que já não fosse esperado: a revolta da população,
insatisfeita com a crise econômica e social a qual vivia o país.
Para um melhor e mais aprofundado entendimento é necessário
assistir o videoclipe da música,
lançado
em 2004, dirigido por Bruno Murtinho e Sérgio Schmid, editado por
Pedro Amorim, – todos foram premiados pelo trabalho – nele é
contada a história de um zelador, pai solteiro de um recém-nascido,
demitido recentemente e a procura de um emprego, sem a perspectiva de
que encontraria algum, acaba se entregando à bebida e vai parar nas
ruas, junto com a criança.
O final é trágico, e estabelece assim
uma forte crítica política,
com o clipe é mais fácil compreender a correlação existente entre
governo e como é afetada a vida de milhares de brasileiros. O
videoclipe ilustra muito bem deixando exposto o caráter social
empregado com
o desfecho da história que se dá com
o personagem do clipe saltando de cima de um prédio (uma
explicação ao título da música),
cometendo suicídio, com seu filho no colo, fazendo-nos refletir
sobre a população da classe social dominada, a dificuldade deles
diante de crises econômicas e
a fraqueza do homem diante do
capitalismo, da
mídia, da
corrupção que toma o poder, surgindo, além da econômica, a crise
social que leva diariamente milhares de crianças, jovens, adultos e
idosos a tomarem atitudes desesperadas e insanas como “o salto”.
Integrantes da banda O Rappa. |
Cena do videoclipe da música O Salto. |
Por: Milena Oliveira Silva, graduanda em Letras - Português / Universidade Federal de Goiás.
Entrevista acessada no dia 01/07/2016, disponível em:
http://musicadobrasil.blogs.sapo.pt/139606.html
AHAZOOOOU!
ResponderExcluirAHAZOOOOU!
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