Estava eu há mais de meia hora na sala de espera de um
consultório médico, quando chega mais uma paciente, e antes que ela possa se
sentar é surpreendida por uma mulher, que estava saindo do banheiro:
- Márcia! Oi, menina!
- Oi...
- Lembra de mim?
- Ahmm... (A confusão estampada no rosto da mulher)
- Ariane! Da 7ª série! A gente andava sempre juntas na
escola. Lembra? E quando chegávamos em casa, ainda passávamos horas falando ao
telefone!
- Ariane! Desculpa! É que eu só estudei um ano naquele
colégio e a gente nunca mais se viu. Eu tava lembrando de você dia desses, não
sei como não te reconheci. Na verdade, você não mudou nada.
- Pois é... E o que você fez da vida? Casou? Eu casei. Ó o
anel.
- Parabéns... Eu não
casei. Na verdade eu tô cheia de projetos, casamento ficou pra depois, quem
sabe.
- Ah, que pena... Logo você que tinha o sonho de casar.
- Não é pena... A gente muda de ideia, né? E eu tô ótima. (Do
outro lado da sala, eu podia sentir a atmosfera embaraçosa daquele encontro.)
- Virou médica como você queria?
- Haha... também não. Acabei me envolvendo com produção
cultural, fiz uns curtas... Tenho uma banda também, você já ouviu falar em...
- Sério? Que maluquice! Quem diria? Você parecia ser tão
centrada. Já eu to advogando no escritório do meu marido. Aliás, sabe quem é
ele?
- Quem?
- Lembra do Rafael da 7ªB?
- Nossa, aquele Rafael que a gente detestava?
- Haha. Mas ele é um marido maravilhoso sabia?
- Que bom. Fico feliz por você. (Dava pra perceber que se um
dia as duas foram inseparáveis, agora já não tinham muito em comum.)
- Por que a gente não se encontra qualquer dia desses? Vamos
pôr a conversa em dia e lembrar da época do colégio. Qual é o seu whatsapp?
- Ó, chegou a minha vez de consultar. Foi ótimo te ver. A
gente se fala.
Será? Provavelmente elas trocariam algumas mensagens mais
tarde, e depois nunca mais se falariam.
É estranho como algumas pessoas quando as encontramos anos
depois, é como se as tivéssemos visto um dia antes, por mais que elas tenham mudado.
É sempre uma felicidade reencontrar essas pessoas. Enquanto com outras, a
sensação é estranha, o distanciamento foi além do temporal, e essas pessoas
ficaram quase irreconhecíveis. E por melhor
que sejam as memórias que tenhamos delas e de uma certa época, nenhuma
nostalgia é capaz de fazer com que nos reconectemos.
Não sei dizer se isso é triste ou se é bom. Talvez seria
melhor se nossa última lembrança delas fosse aquele quadro antigo na galeria da
nossa memória.
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